sexta-feira, agosto 29, 2008

PRIMEIRA REUNIÃO



Imagem: Egyptian Chess Players, 18651, do pintor do Neoclassicismo holandês/ingles Sir Lawrence Alma-Tadema (1836-1912)

EREMITA

Luiz Alberto Machado

Meu navio
A sorte inventa
&
Na desilusão dos sonhos
Atraca
Pra recomeçar.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. In: Primeira Reunião. Recife: Bagaço, 1992.

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BRINCARTE
PRÊMIO NASCENTE DE POESIA
CONSORCIO LITERÁRIO NASCENTE

quinta-feira, agosto 28, 2008

POETAS DE PERNAMBUCO



CELINA DE HOLANDA

NUMA TARDE EM QUE EU SOUBE DEUS
PORQUE NÃO ERA OS HOMENS


E quando o tempo deixou de ser a casa
Para ser o homem, de várias adesões,
Eu quis ter um coração que sabe
Duvidar de si sem impor condições
Na mesma fé em que São Paulo se orgulhava
Da fraqueza humana.
Nunca se tem a evidência da verdade
Do que acreditamos, assim
Não se peça motivos mas apenas
Representemos o que somos.
E não prevaleça a boa educação
Com seus preâmbulos
Quando o amor estiver, mãos na cabeça,
Ouvindo tiros que são as frias gotas
De amargas servidões.
A poesia não tenha a menor importância.
Que muitos estão cansados de Brasília, outros
De verem crianças prostitutas e há um porco
Solto nos alagados da infância.

INTERIOR DA CASA

Assim ela queria
A mulher de seu filho: comum,
Uma boa mulher comum.
Uma mulher a quem os dias
Não cansassem por serem iguais
Mas os fizesse claros e lavados.
Entrasse pela noite
O rosto levantado o passo igual
Entre as águas e o fogo aos seus
Cuidados.

POVO DE DEUS

Ouço o povo numeroso de Deus.
Vem dos mangues, cárceres
E morros.
O Recife pulsa
Pulso forte de aço, onde vivo.
À noite fecho a porta à beira-rio
Lama e carne indissolúveis.
Ouço as portas.
E o clamor do povo de Deus, abrindo-as.

TEMA DAS ÁGUAS

Quando as águas moveram
Sua lama rasteira
Sobre a rosa amada
Odiaram as águas.
Que nada sabem daqueles
Para quem a morte não é terrível
E a enchente é um hábito.
Não sabem
Desta força que toma uma por uma
A flor da mão dos homens
E os leva leves sobre as águas rápidas.

SOL MATINAL

Se minha filha cruzasse os braços
Quando vamos à praia
Levando esteiras, cigarros
O cãozinho e as crianças
Correndo em círculos, rolando
Não haveria como este
Outros dias de mar
Nem esse morno cansaço descansado
De lavar, arejar, estender nossas vidas
Cheirosa a pinheiro em seu sol matinal.

CONTRAPONDO

Conceição a que limpa, semeia
Faz picolé para um dos seus
Onze filhos vender
Meio-dia aos homens da Telebrás:
Usa palavras duras
Para esconder a compaixão
Sabe ditos (disfarçados dardos)
Um dos quais:
“filho de coruja não tem pai”, sempre
cai na ociosidade dos meus, ontem
feriu de morte a minha costumeira paz
cristã.

O GRANDE RIO

Enquanto a lavadeira mergulha
Cada roupa no rio, o vento
Como um suspiro
Enfunou-se num seio.
Em minha blusa o meu corpo é de água
E passeia um peixe (alegria de prata)
No meu coração. Depois
Eu me perco no rio e tua sede me toma.

DE(S)ENCONTRO

Sobre esta cidade de rios
Como nos encontraremos
Uma diurna e outra noturna
Sem o sacrifício da manhã?
E o amanhecer
É como a infância, onde
Outro já trabalhou: o leiteiro
Ou o seio
Que nos amamentou.

POR TANTAS PORTAS QUE ABRIRAM

Por tantas portas que abriram
À força e na fraqueza da palha
Depois feixe; pelo que vimos
E ouvimos, pelo povo,
Quero meu corpo ajoelhado
O sopro de Deus em meus cabelos
Pesados de esperança e de mormaço.
Quero ser abençoada
Sufocada de suor e sinos, fiel ao dia
E não ao calendário.

COLCHA DE RETALHOS

No chão da casa depositei as malas
E me sobraram braços
(meu nome
perdido em sua voz, não me chamava)
era a noite onde as coisas terminam
a interminável.
Agora
Setecentos e vinte e seis dias depois,
Um ar de chuva atravessando o rio,
Sento na maquina e recomeço a vida,
Só retalhos.

EU LHE FAZIA SOMBRA

Era um brilhante dia
Branco e havia
A consciência de que
Eu lhe fazia sombra.
Parada, no chão magoado
Eu via o sol
Vivo e razante como um passaro
A desfazer as coisas
Desoladas.

CELINA DE HOLANDA – a poeta e jornalista pernambucana Celina de Holanda (1915-1999), publicou seus trabalhos no Diario de Pernambuco e no Jornal do Commercio e participou de varias coletâneas e antologias poéticas. Ela publicou os livros O Espelho e a Rosa (1970); A Mão Extrema (1976); Sobre Esta Cidade de Rios (1979); Roda D'água (1981); As Viagens (1984); Pantorra, o Engenho (1990); Viagens Gerais, de 1985, coletânea dos livros anteriores e mais os inéditos "Afogo e Faca" e "Tarefas de Ninguém".

FONTE:
HOLANDA, Celina de. Sobre esta cidade de rios. Recife: Pirata, 1979.

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quarta-feira, agosto 27, 2008

DICAS DA SEMANA & TATARITARITATÁ!!!

20 POR 1



SEMINÁRIO PNC - Acontece nesta quinta (28) e sábado (29), em Maceió, o Seminário do Plano Nacional de Cultura (PNC). O objetivo do diálogo é aperfeiçoar o projeto de lei no qual se encontram as diretrizes fundamentais para a cultura brasileira. Alagoas é o sétimo estado do Nordeste a sediar um dos seminários, que tem circulado por todo o Brasil. A abertura acontece às 15h. As discussões acontecem no Centro Cultural de Exposições de Maceió (rua Celso Piati, s/nº, Jaraguá). Os interessados em participar podem se inscrever através da página www.cultura.al.gov.br/. Os já estão disponíveis na página do MinC. Inscrições pelo telefone (82) 3315.1913. Resultados dos seminários anteriores e outras informações: www.cultura.gov.br/pnc/.

ROBERTO MANGABEIRA UNGER – lançamento do livro "O que a esquerda deve propor", do ministro Roberto Mangabeira Unger, publicado pela editora Civilização Brasileira. Na ocasião, haverá um debate com o autor, o poeta Antônio Risério e o cantor e compositor Caetano Veloso. Dia: 27/08/08 Horário: 20h00 Local: Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura Av. Paulista, 37 - Bela Vista (próx. a estação Brigadeiro do metrô) Entrada franca. OBS: Estacionamento conveniado. PATROPI: Rua Al. Santos, 74.

CESAR OBEID – César Obeid é Escritor, educador e contador de histórias. Trabalha com a recriação do cordel e do repente na educação, teatro, eventos e literatura. Frequentemente escreve matérias e artigos para jornais e revistas, como também participa de gravações de programas de televisão e rádio. É secretário da UCRAN- União dos cordelistas e repentistas do nordeste. É autor dos seguintes livros pela editora Moderna: - Minhas Rimas de Cordel, menção "altamente recomendável" FNLJ- 2005. - O Cachorro do Menino e “Aquecimento Global não dá rima com Legal” e - Vida Rima com cordel pela Ed. Salesiana, menção altamente recomendável- FNLIJ- 2007 Novo livro de César Obeid “Aquecimento Global não dá Rima com Legal” pela editora Moderna. Neste livro você vai conhecer, de uma maneira bem diferente, o tema do aquecimento global. Suas causas, conseqüências e soluções são contadas por meio de diversas modalidades de estrofes da literatura de cordel. Além disso, textos escritos em prosa vão aprofundar seus conhecimentos para além das geleiras derretidas, dos ciclones e da vida dos ursos polares. A xilogravura, técnica conhecida no processo de ilustração dos folhetos de cordel, ganhou cores e foi a forma escolhido para as ilustrações do texto. Info: Fone: (11) 3873-7111 - Fax: (11) 3875-4949 E-mail: cordel@livrariacortez.com.br Veja no site http://www.livrariacortez.com.br/ a programação completa do VI CORDEL NA CORTEZ de 25 a 30 de Agosto de 2008

REDE DE ARTES VISUAIS - Durante o mês de novembro, a Funarte vai promover um intenso debate em torno das artes visuais no Brasil, por meio de seminários, conferências, ciclos e outros eventos. A Rede Nacional Funarte Artes Visuais chega à sua quinta edição, voltada para a reflexão sobre as artes visuais e as políticas públicas para o setor. Serão concedidos 27 prêmios de R$ 25 mil, um em cada estado brasileiro, para que instituições culturais promovam eventos locais, sempre com entrada franca. As inscrições estão abertas, somente para instituições culturais sem fins lucrativos, até 1º de outubro. Regulamento e outras informações: www.funarte.gov.br/.

ARTICULAÇÃO LATINA - Acontece, dos dias 1° e 2 de setembro, em Brasília (DF), o primeiro grande encontro da recém-criada Articulação Latino-americana Cultura e Política, movimento que pretende mobilizar manifestações culturais, artísticas e políticas da região, visando à construção de processos que levem à transformação social. O seminário, que leva o mesmo nome da articulação, integra a programação do Festival Internacional de Teatro de Brasília - Cena Contemporânea 2008. Além do Brasil, países como Argentina e Bolívia já participam do projeto. Outras informações: www.inesc.org.br/.

SEMINÁRIO PNC Inicia-se na próxima segunda (1º de setembro), e segue até quarta (3), no Recife, o Seminário do Plano Nacional de Cultura (PNC). O objetivo do diálogo com agentes das diversas instâncias da cultura local é aperfeiçoar o projeto de lei que demarca as diretrizes fundamentais para a cultura brasileira. O seminário tem abertura às 18h, no Teatro Barreto Júnior (Pina). Já as discussões acontecem, nos dias 2 e 3, no Recife Praia Hotel. Os interessados em participar podem se inscrever pelo endereço seminariopncpe@gmail.com, colocando no Assunto "Inscrição PNC". Hoje (26), às 19h, acontece na Fundaj (Derby) um reunião preparatória para o PNC, convocada pelo Fórum Permanente de Música de Pernambuco. Os resultados dos seminários anteriores estão disponíveis na página www.cultura.gov.br/pnc/. Inscrições e outras informações: (81) 3224.0541.

MÍDIA E LITERATURA Na sexta (29), a partir das 19h30, na Livraria Cultura, a imprensa ganha lugar na mesa de debates dentro da programação do 6º Festival Recifense de Literatura - A Letra e a Voz. O encontro, que irá discutir as transversalidades entre mídia e literatura, irá reunir os jornalistas de TV e rádio do Estado. O debate é aberto ao público. Programação completa do Festival e outras informações: www.recife.pe.gov.br/.

VEJA MAIS:
VAREJO SORTIDO
VOTO MORAL
FREVO BRINCARTE

terça-feira, agosto 26, 2008

POETAS DO RIO DE JANEIRO



REGINA SOUZA VIEIRA

Escritor que se dá à escrita escreve ao sol, lê da lua”.

BRINCANDO DE HAICAIS

Quando a neve esfria
Sabe-se: o quanto se ama
Calor feito em chama

Sempre me pergunto:
Quem não tens bons? Maus momentos?
E muitos sofrimentos?

O relógio inerte
Da noite exige sossego
Do sol, aconchego.

Sonhos que vigilam
No dia, minha fantasia.
Sonhos são orgia.

Brinco com poesia,
Rimas, aliterações,
Ventos e paixões.

Qual hashish de amor
Pensamentos me entontecem
E me amadurecem.

Anoitece à claridade
Da paisagem inocente
Do riso da gente.

Quando o vento bate
Bem de encontro á mim
Sinto-o assim.

Sol é alegria
Que ilumina toda a gente
Chuva que aquece fria.

Sinto que me perco
No labirinto da vida
Será bem vivida?

CAIXA-SURPRESA

Dentro de uma caixa havia
Outra caixa encerrada
Nesta, outra caixa fechada
Aquele era o meu presente
Olhei-o meio assustada
Só via caixa em caixa
N´outra caixa embrulhada
De repente, uma voz saltou:
- Ei, moça! De cavalo dado
não se olha o dente.

INCOGNITA

Muita gente me conhece
Eu não conheço ninguém
E aqueles que conheço
Não sei se conheço bem.

O NASCITURO

O poema que se perdeu
Lá no ato de fazê-lo
Se se perdeu
Poema não era
Ou não estava poeta
Aquele que
Quis escrevê-lo.
O poema não precisa
Mão para rabiscá-lo
Ele se escreve sozinho
Como terra lavrada
Expulsa o joio, colhe o trigo.
Ele nasce tranqüilo,
Espontâneo, violento
Impondo suas antíteses
Colhendo seus sememas
Ele mesmo separa
Como ouro feito gemas
Emoções já vividas
Cerne d´outras vidas.
Entanto, se se perdeu
É porque ainda imaturo
Se sentiu mais seguro
Lá no ventre materno
Da inspiração.
Poeta, aguarde a hora!
O tempo imenso
Em que abraçados
Poeta e poesia
Ambos serão
Um só: gigante imenso!

AMAR/O/AMOR

Porque não soube amar
Amou muito, demais
Se entregou, sofreu
Foi feliz, se deu
Mas acabou e agora
Sem poder suportar
Decidiu, então, calar!
Mas quem cala o amor
Se de amor se quer morrer?
Quem? Quem? Quem quer viver
Se sem amor só se
Pode chorar e sofrer?
Amar é viver, querer
Amar é vida, é ser.
Por que, então, calar?
Se o sentir não se cala
Se o sentir só é fala
E se é impossível de
Sem sentir se querer
E sem amor, viver?

GRAMATICALHA

Para a palavra miséria
Não há eufemismo
Não busquemos lirismo
Bem tampouco hibridismo
Miséria é palavra
Profunda, rasteira
Está no português
É bem brasileira
Não tentemos escondê-la
Está no dicionário.

ÁRIES NOS ARES

Nasci no terceiro mês do ano
Sou do signo de Áries
Vivo procurando nos ares
Ondas verdes de mares
Ventos zéfiros sem pesares.
Vivo este fogo da intempere
Por mais que o obstáculo impere
Crio asas, me ponho a voar.
E porque vôo sem ter asas
Caio de tombo certo
Me ergo para em seguida cair
Áries, força, fogo, ares
Busca incessante de cantares
De risos e de companhias
Lanças que visam pelos ares
Luzes novas e novos dias.
Sensibilidade tocando
O invisível, o invencível, o inventável
Inventando no impossível
O mundo do improvável
Este mundo que sem existir
Se me torna bem mais durável.
Sou inconstante, incontida
Como uma flecha desmedida
Que com Áries me guia
Pela vida que, por enquanto,
Nem é longa e nem é curta
Apenas vida comovida
Na dor e na festa
Completamente entregue
Por mais artimanhas que
A vida a mim me pregue
Eu sou eu e a minha lança
Voltada para outros ares
Apontando longe em Áries
Se lança, para não mais sofrer.

FANTASIA

Enquanto durmo ou sonho
No meu sonho me contento
Feliz, não sei onde ponho
Todo o alvo do meu intento
Mas se acordo, logo vejo
Intranslúcida luz: vida
Na fantasia é que bocejo
E relaxo comovida
Quero este algo que tão alto
Se torna de mim a essência
Se torna uma ânsia de sonhar
Minha estrela quinta-essencia
Qualquer sonho belo passa
Volta a luz, volta o real
Real de que tanto fujo,
]procurando outro refugio
noutro sonho, tal e qual.
Sonho, ou melhor, metáfora
Do querer, de amar o amor.

REGINA SOUZA VIEIRA – A poeta, escritora, professora e tradutora carioca Regina Souza Vieira, é doutora em Literatura Brasileira e autora premiada em diversos concursos literários. Tendo dedicado seus estudos e sua paixão literária à obra de Carlos Drummond de Andrade, participou das celebrações do centenário do autor em Itabira. São de sua autoria os seguintes livros: Sentimentogramas - poesia (RJ: Cátedra, 1987); Boitempo: autobiografia e memória em Carlos Drummond de Andrade - ensaio (RJ: Presença, 1992); Revivências - poesia (RJ: Taba Cultural, 1997); Inventivas verossimilhantes - contos (RJ: Papel Virtual, 2000); A prosa à luz da poesia - ensaio (RJ: Edições Galo Branco, 2002); Bernardo, o imprevisível romance (RJ: Edições Galo Branco, 2005); Reflexões em verso- poesia (RJ: Edições Galo Branco, 2007).

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POETAS DO RIO DE JANEIRO
FREVO BRINCARTE
TATARITARITATÁ
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segunda-feira, agosto 25, 2008

LITERATURA BRASILEIRA



ARCADISMO – ALVARENGA PEIXOTO – o poeta e político carioca Inácio José de Alvarenga Peixoto (1744-1793), foi o mais envolvido na Inconfidência Mineira, e destroçado por ela quando foi preso e condenado ao degredo perpetuo na África. Teve suas obras publicadas mais de setenta anos depois da morte, mostrando-se um pré-romântico de traços nativistas. O nativismo impõe-se com sabor popular nos rondós e madrigais, sendo por isso o mais pré-romântico que seus pares. Foi um dos poetas ilustrados que construiu uma obra bem marcada pelo seu aspecto político, em defesa da República, contra a guerra e em prol dos escravos. Entre as suas obras estão: A Dona Bárbara Heliodora, poesia; A Maria Ifigênia, poesia; Canto Genetlíaco, poesia, 1793; Estela e Nize, poesia; Eu Não Lastimo o Próximo Perigo, poesia; Eu Vi a Linda Jônia, poesia; e Sonho Poético, poesia.

SONETO Nº 1

Entro pelo Uraguai: vejo a cultura
Das novas terras por engenho claro;
Mas chego ao Templo magnífico e paro
Embebido nos rasgos da pintura.
Vejo erguer-se a República perjura
Sobre alicerces de um domínio avaro:
Vejo distintamente, se reparo,
De Caco usurpador a cova escura.
Famoso Alcides, ao teu braço forte
Toca vingar os cetros e os altares:
Arranca a espada, descarrega o corte.
E tu, Termindo, leva pelos ares
A grande ação já que te coube em sorte
A gloriosa parte de a cantares

À D. BÁRBARA HELIODORA

Bárbara bela, Do Norte estrela,
Que o meu destino Sabes guiar,
De ti ausente Triste somente
As horas passo A suspirar.
Por entre as penhas De incultas brenhas
Cansa-me a vista De te buscar;
Porém não vejo Mais que o desejo,
Sem esperança De te encontrar.
Eu bem queria A noite e o dia
Sempre contigo Poder passar;
Mas orgulhosa Sorte invejosa,
Desta fortuna Me quer privar.
Tu, entre os braços, Ternos abraços
Da filha amada Podes gozar;
Priva-me a estrela De ti e dela,
Busca dous modos De me matar!

EU VI A LINDA JÔNIA

Eu vi a linda Jônia e, namorado
fiz logo eterno voto de querê-la;
mas vi depois a Nise, e é tão bela
que merece igualmente o meu cuidado.
A qual escolherei, se nesse estado
eu não sei distinguir esta daquela?
Se Nise vir, morro por ela,
se Jônia vir aqui, morro abrasado.
Mas, ah! que esta me despreza, amante,
pois sabe que estou preso em outros braços,
e aquela não me quer, por inconstante.
Vem, Cupido, soltar-me desses laços:
ou faze desses dois um só semblante,
ou divide o meu peito em dois pedaços!

ESTELA E NISE

Eu vi a linda Estela, e namorado
Fiz logo eterno voto de querê-la;
Mas vi depois a Nise, e é tão bela,
Que merece igualmente o meu cuidado.
A qual escolherei, se neste estado
Não posso distinguir Nise d'Estela?
Se Nise vir aqui, morro por ela;
Se Estela agora vir, fico abrasado.
Mas, ah! que aquela me despreza amante,
Pois sabe que estou preso em outros braços,
E esta não me quer por inconstante.
Vem, Cupido, soltar-me destes laços,
Ou faz de dois semblantes um semblante,
Ou divide o meu peito em dois pedaços!

FONTE:
BANDEIRA, Manuel. Noções de história das literaturas. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1940.
BOSI, Alfredo, História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1970.
BRASIL, Assis. Dicionário pratico de literatura brasileira. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1979.
______. Vocabulário técnico de literatura. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1979.
CANDIDO, Antonio. Iniciação à Literatura Brasileira. São Paulo: FFLCH/USP, 1999.
______ Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/ Edusp, 1975.
CANDIDO, Antonio: CASTELLO, José Aderaldo. Presença da literatura brasileira, vol. 1. São Paulo, Difel, 1968.
CARPEAUX, Otto Maria. Historia da literatura ocidental. Rio de Janeiro: Alhambra, 1980.
_________. Pequena bibliografia critica da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1979.
CARVALHO, Ronald. Pequena história da literatura brasileira. Rio de Janeiro: F. Briguet, 1955.
CASTELLO, José Aderaldo. Manifestações literárias do período colonial (1500-1808/1836) São Paulo: Cultrix, 1972.
COUTINHO, Afrânio. Introdução à literatura no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
FERREIRA, Pinto. Historia da literatura brasileira. Caruaru: Fadica, 1981.
HOLANDA, Sergio Buarque (Org). Antologia dos poetas brasileiros da fase colonial. São Paulo: Perspectiva, 1979,
HOUAISS, Antonio. Silva Alvarenga: Poesia. Rio de Janeiro: Agir, 1958.
LIMA, Alceu Amoroso. Introdução à literatura brasileira. Rio de Janeiro:Agir, 1956.
LIMA, Manuel de Oliveira. Aspectos da literatura colonial brasileira. Rio de Janeiro/ Brasília: Francisco Alves/ INL, 1984.
LITRENTO, Oliveiros. Apresentação da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Forense-Universitária/INL, 1978.
MARTINS, Wlson. A literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1967.
MOISÉS, Massaud, A Literatura Brasileira Através dos Textos. São Paulo: Cultrix, 2000.
________. A Literatura Portuguesa. São Paulo: Cultrix, 2001.
ROMERO, Silvio. Historia da literatura brasileira. Rio de Janeiro: José Olympioo/INL, 1980.
SODRÉ, Nelson Werneck. Historia da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Civilização Brasiléia, 1976.

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LITERATURA BRASILEIRA
FREVO BRINCARTE
TATARITARITATÁ

sexta-feira, agosto 22, 2008

PRIMEIRA REUNIÃO



Imagem: Mountains, do fotografo norte-americano Ansel Adams (1902-1984)

ILIMITROFE

Luiz Alberto Machado

Não sei de bandeiras
Não sei de dividas

Só sei
Da carne
O olho
O gesto
E
O coração.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. In: Primeira Reunião. Recife: Bagaço, 1992.

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PRIMEIRA REUNIÃO
FREVO BRINCARTE

quinta-feira, agosto 21, 2008

POETAS DE SANTA CATARINA



Foto: Tchello d´Barros.

OTTO EDUARDO GONÇALVES

O POETA É PIMENTA DO PLANETA MALAGUETA

Poucos são no mundo
Aqueles que provam do poeta
Pra alguns, ele é difícil de engolir
Ditadores odeiam gente que pensa
A mulher que prova do poeta, queima
Ela é chama temerária
E ela estará sujeita
À intermitências de temperatura
O poeta é um ladrão
Rouba com os sentidos
Transforma tudo em palavras
Nem um pouco egoísta
Devolve tudo em poesia
Sendo pimenta o poeta
Ele é tempero a ser notado
Queima a partir da língua
Portanto prove com cuidado
O poeta é um ser amado
Tem nas mãos uma arma
Carregada de tinta
Forte ou fraco
Traz nos ombros o peso da palavra
O poeta é pimenta do planeta Malagueta.

SIMBIOSE

Uma praia de consumi com uma humanidade de areia
Uma nuvem de pedra com uma estátua passageira
Uma flor de aço com uma lamina de macieira
Uma aranha evoluída com uma sociedade caranguejeira
Um esqueleto de Tróia com um cavalo humano
Um coração mediterrâneo com um mar oprimido
Uma geração de vidro com um resistente jarro de elite
Um segredo de maçã com uma torta de estado
Uma latrina moscada com uma noz vomitada
Uma federação de xadrez com um tabuleiro de loucos
Uma visão fora de ritmo com um hino míope
Uma bandeira mórbida com uma realidade arriada
Um camelo da Casa Branca com um membro do deserto
Um sorriso de guerra com um grito silencioso
Uma estrela deprimente com uma era cadente
Uma solução gótica com uma arquitetura utópica
Uma farda assustada com uma criança camuflada
Uma bomba mundial com uma paz nuclear.

THE VERVE LUCKY MAN

Como marionete sem fios
Tantas vidas tenho vivido
Rolando pelas águas dos rios
Muitas mortes tenho sofrido
À noite em mim me deito
Tal como doido varrido
Cravo-me as unhas no peito
De tanta dor amortecido
Arranco a carne pulsante
Muda como um sino derretido
Ela escorre fulminante
Pelo pulso estremecido
O peito mudo não me basta
Quero-me por completo esvaído
Mergulhar pra fora desta casta
Pelo mar ser engolido
Pois nãp é breve a dor ser poeta
Carregar nos ombros um poema eterno
E tê-lo as vezes como meta
Dói mais que o tombo até o inferno
Meio à queda quente, afônica,
Como arde diz o oco
Com ar de orquestra sinfônica
Não te deixe tratar como boneco
Corre pra fora da tua mente
Livra-te desta peste
Corre nu, todo indecente
Até voltar a ser silvestre.

OTTO EDUARDO GONÇALVES – O poeta, professor e roqueiro viajado catarinense Otto Eduardo Gonçalves é um cara da porra! Ou como bem diz o nosso amigo Tchello d´Barros: “O Otto existe?” Ao lado do poeta Jairo Martins, nós tomamos, cantamos, mangamos, poetamos e engolimos a noite de Blumenau no meio de umas e muitas. Um sarau muito doido e inesquecível. Hoje Otto mora num barco não sei que mar, se na Inglaterra, na Austrália e numa esquina dessas das águas de Santa Catarina. Por aí.

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POETAS DE SANTA CATARINA
FREVO BRINCARTE

quarta-feira, agosto 20, 2008

POETAS DE RONDONIA



SELMO VASCONCELLOS

CORPO-A-CORPO

Foi uma luta tão limpa,
Cristalina, transparente, evidente,
Clarividente, serena,
Carne contra carne,
Músculos contra músculos,
Sangue, sangue, sague...
Foi uma luta tão limpa!!!!

TERCEIRA GERAÇÃO

Brasil, não conte comigo
Perdeu um aliado
Perdeu um amigo
Nasci
Cresc
Envelheci.
Levei até porradas
Meu neto viu.
E até agora de bom nada vi.

PRIMEIRO TURNO

Sufrágio, escrutínio...
Tantos termos estranhos numa campanha
Para apenas barganhar um xis
Do político o cinismo
Do povo o civismo.
Atualmente estou me sentindo
Um objeto de arte,
Aquele eleitor solicitado
Por inumeros candidatos.

MUSA

Que poeta sou
Se numa manhã
Não pego nem um papel
E sim na minha morena?
Que poeta sou
Se numa tarde
Não pego nem num papel
E sim na minha morena?
Que poeta sou
Se numa noite
Não pego nem num papel
E sim na minha morena?
Que poeta sou?
Que poeta sou?
Que poeta sou?

VAI-E-VEM

No vai-e-vem
No vem-e-vai
Quem é o pai?
Quem é o pai?
Passo pra frente
Passo pra trás
Quem é o pai?
Quem é o pai?
Rebola um pouco
Um pouco mais
Quem é o pai?
Quem é o pai?
No entra-e-sai
Ui, ui,ui, ai, ai, ai
Quem é o pai?
Quem é o pai?
Encontros iniciais
Unindo genitais
Cadê o pai?
Cadê o pai?

ENCONTROS

No primeiro encontro,
Timidamente seuc ori
Ostentava quatro pecinhas,
Blusa, sutiã, saia e calcinha.
No segundo encontro,
Apenas tres pecinhas,
Blusa, saia e calcinha.
No terceiro encontro,
Apenas duas pecinhas,
Vestido e calcinha.
No quarto encontro
Num quarto,
Apenas uma pecinha,
Só de calcinha.
No quinto encontro,
Nenhuma pecinha.
Adeus blusa, sutiã, saia, vestido e calcinha.

DESEJO TESO

Que belo
Seu corpo
Envolto numa toalha
Após longo banho tomado.
Imagino sua nudez
Sou canalha
No sexo entesado
Uma fornalha.
Que belo
Seu rosto
Cabelos molhados
Olhos fechados
Coxas meladas
Banhadas de êxtase e gozo
Após fricções
Das mãos úmidas
E sabonete espumoso.

SELMO VASCONCELLOS – O poeta, cronista, dibvulgador cultural e editor do “Litero Cultural”, Selmo Vasconcellos é natural do Rio de Janeiro e radicado em Porto Velho, Rondonia. É sobrinho do saudoso escritor José Mauro de Vasconcelos, formado em Administração de Empresas e membro da União Brasileira de Escitores – UBE – RO. É autor dos livros “Rever verso inverso”, “Nictêmero”, “Pomo da discórdia” e “Resquícios ponderados”, entre outros.

FONTE:
VASCONCELLOS, Selmo. Resquícios ponderados. São Paulo: João Scortecci, 1996.

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terça-feira, agosto 19, 2008

POETAS DE ALAGOAS



GERALDINO BRASIL

AMAR MAIS QUE POSSO

Meu poema vem de antes de mim, tem mais do que meu tempo.
Por isso senti, menino, eu amo minha mãe mais do que amo.
Assim meu pai, assim o estranho que passava perseguido, assim árvores, pássaros, manhãs, o tempo das pessoas, o ignorado trabalho do tijolo na parede, a pedra à beira do caminho e não poderá fugir por ele.
Por isso ando sempre com o poema, com ele eu cresço meu tamanho.
Com ele identifico os amoráveis homens e mulheres do futuro, esses meninso que estão chegando foram seus companheiros antes de mim, esses meninos são grandes, de enorme espírito, em breve estarão construindo contra a vontade dos pais a terra do terceiro milênio e quando os vejo não me espanto mas me rejubilo e confio, o poema os conhece.
Sem o poema eu penso apenas nos sinais do transito e te reduzo, homem gordo, a um pedestre que estorva o meu caminho.
E como te quero amar mais do que posso, minha amada, te amo com o meu poema.

SONETO DAS CAUSAS E DAS FONTES

Há coisas que não eram, pareceram.
Há coisas que nem pareceram, foram.
Há coisas que, se foram, não se soube.
Há coisas que se soube quando não foram.
Há coisas que serão ou que já foram.
Há coisas que nem foram nem serão.
Há coisas que não são mais como eram.
Há coisas que não eram como são.
Há coisas que se tem sem se querer.
Há coisas que se quer e não se pode.
Há coisas que se pode e não se quer.
Ignoro quem esteja disso fora.
Ignoro crime fora dessas causas.
Ignoro poema fora dessas fontes.

NEM NUBEM NEM POMBO

No meu poema não estará
A beleza das nuvens
Pouso dos anjos
Que não sustentaram o homem
Que caiu do avião.
Bem sou um mágico que faz
Do descuido um pombo completo
E o oferece aos aplausos
Dos distraídos.

CLASSE MÉDIA

Um médico.
Ótimo na família.
Um executivo.
Ótimo.
Um engenheiro.
Um arquiteto.
Um magistrado.
Ótimo.
Um poeta.
Melhor na família dos outros.

O POEMA

O poema não deve ser
Uma definição dicionária.
Nem oferecer uma indefinição.
Deve ser melhor
Do que bom apenas
E não se acabar como o sorvete
Que se tomou sem a namorada.
As palavras procuradas pelo seu poeta
Não serão daqueles que o leitor
Tenha de consultar o dicionário
Ou, pelas outras do poema,
O deixam desinteressado do trabalho.
O poema deve menos falar e mais dizer.
Pode ter de gritar
A quem tem ouvidos moucos.
Pode falar a quem sabe
Ouvir silêncios de um poeta que conversa.

UMA FALTA

Se leste o poema
E perguntam se terminou,
Irás procurar em vão
O verso que faltou.

O OUTRO POEMA

O poema é um momento e um fazer que não se repetem.
Outro poema será sempre o outro, como o sofrimento que não faz nunca iguais as lágrimas, meça-as o de crença pobre que duvide.
A impossibilidade é porque o poema não é a professora primaria que ensina a escrever dentro da pauta,
Segurando nos dedos do menino,
Com a mãozinha perfumada.

METÁFORA DO POEMA

Um dia ensinaram ao poeta sobre o um.
Depois lhe ensinaram sobre o um mais um, duas laranjas.
Desde então o sabe.
E sabe como o soube, e quando.
Não assim a metáfora do poema alguma vez.
O poeta não a sabia antes, nem lhe ensinaram quando a soube.
Agora não a sabe mais nem como a soube se recorda.

OS INÉDITOS

Duas da madrugada fui guardar mais um.
Foi um barulho danado dos outros que queriam sair.
Minha mulher pensou que eram os prisioneiros do filme já livres no pátio, depois de laçarem o pescoço do guarda do presídio.
Lhe respondi: é não, são os poemas da gaveta gritando pra deixar a escuridão.

A DERROTA

A cidade não saberá do poeta no seu quarto,
Seu coração, sua cabeça, a tentativa do poema.
A cidade não saberá
Da expressão de beleza
De que flor,
De que amor
Gorou nele.
A cidade não saberá do momento
Da pesada carga de dor do homem e de Deus.

DE NOVO JOVEM

Quando nasci já noutros estavas, padecente.
E vieste em mim ainda mais sofrer o teu suplicio.
Porque é da tua natureza ser insatisfeita.
Morto, não te livrarás, é o teu destino. De novo jovem,
Procurarás, nos que chegarem, o deste mesmo amor.

NESTE JOGO ADORMEÇO

Volto à infância,
Vejo os ausentes.
Neste jogo adormeço
E docemente amanhece.
Com o que trouxe
Quero o poema
Onde me encontrem
Jamais ouvido,
Que alguém leia
E se transforme.
Criação sejam
Quero o poema,
Deus que me conceda
Na escuridão
A manhã clara
Poema,
Poesia.

GERALDINO BRASIL – O poeta alagoano Geraldino Brasil (1926-1996),foi advogado, procurador autárquico federal da UBE-PE e da OAB-PE, colaborador dos suplementos literparios do Diário de Pernambuco e Jornal do Commercio, publicou os livros de poesia: Alvorada (Maceió 1947); Presença da Ausência (Recife 1951); Coração (Maceió 1956); Poemas Insólitos e Desesperados (Recife 1972); Cidade do Não (Recife 1979); Todos os Dias, Todas as Horas (Ed. Pirata, Recife 1985); Bem Súbito (Recife 1986); Lugar do Tempo e Pássaro de Vôo (Recife). É autor de uma obra ímpar, sensível e simples como o próprio poeta, farta de cotidianos, lirismos e da alma dos homens.

FONTE:
BRASIL, Geraldino. O poema e seu poeta. Palmares: Bagaço, 1988.

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segunda-feira, agosto 18, 2008

POETAS DE SÃO PAULO



GLAUCO MATTOSO

SONETO 951 – NATAL

Nasci glaucomatoso, não poeta.
Poeta me tornei pela revolta
Que contra o mundo a língua suja solta
E a vida como báratro interpreta.
Bastardo como bardo, minha meta
Jamais foi ao guru servir de escolta
Nem crer que do Messias venha a volta,
Mas sim invectivar tudo o que veta.
Compenso o que no abuso se me impôs
(pedal humilhação) com meu fetiche
lambendo, por debaixo, os pés do algoz.
Mas não compenso, nem que o gozo esguiche,
Masoca, esta cegueira, e meus pornôs
Poemas de Bocage são pastiche.

SONETO 244 – PRODIGIOSO

Quem sabe o maior mérito de Homero
Foi ter feito o que fez sem ter visão.
Se Borges, Aderaldo ou Lampião
Fizeram, vou fazer também, espero.
Zarolho ou cego, não quer ser mero
Passivo espectador da ocasião.
Verei o que videntes não verão;
Se sábios não souberam, eu espero.
Beethoven era surdo, e foi maior.
O grande escultor nosso era sem mãos.
Perder não é dos males o menor.
Abaixo estou de todos meus irmão.
Que o mais pecaminoso sou pior.
Meu trunfo é só não ter dois olhos sãos.

SONETO 541 – CONTRARIADO

Por ser o cedo tarde e o tarde cedo;
Por ser tarde a manhã e a noite dia;
Por ser gostosa a dor, triste a alegria;
Por serem ódio amor, coragem medo;
Se o plagio é mais invento que arremedo;
Se exprime mais virtude o que vicia;
Se nada vale tudo que valia;
Se todos já conhecem o segredo;
Por ser duplipensar barroco a língua;
Por menos ter aquele que mais quer;
Se a falta excede e tanto abunda a mingua;
Por nunca estar o nexo onde estiver,
Desdigo o que falei e a vida xingo-a
De morte, se a cegueira é luz qualquer.

SONETO 234 – CONFESSIONAL

Amar, amei. Não sei se fui amado,
Pois declarei amor a quem odiara
E a quem amei jamais mostrei a cara,
De medo de me ver posto de lado.
Ainda odeio quem me tem odiado:
Devolvo agora aquilo que declara.
Mas quem amei não volta, e a dor não sara.
Não sobra nem a crença no passado.
Palavra voa, escrito permanece,
Garante o adágio vindo do latim.
Escrito é que nem ódio, só envelhece.
Se serve de consolo, seja assim:
Amor nunca se esquece, é que nem prece.
Tomara, pois, que alguém reze por mim...

SONETO 500 – VICIOSO

Poema lembra amor, que lembra carta
Que lembra longe, e longe lembra mar,
Que lembra sal, e sal lembra dosar,
Que lembra mão, e mão alguém que parta.
Partir lembra fatia e mesa farta;
Fartura lembra sobre, e sobra dar;
Dar lembra Deus, e Deus lembra adiar
Que lembra carnaval, que lembra quarta.
A quarta lembra tres, que lembra fé;
Fé lembra renascer, que lembra gema,
A gema lembra bolo, e este café.
Café lembra Brasil, que lembra um lema:
Progresso lembra andar, que lembra pé,
E pé recorda alguém que faz poema.

SONETO 955 – FORMAL

Discute-se qual gênero é mais puro
- haicai, soneto, glosa, oitava ou trova –
e cada defensor mostra uma prova
que num o verso é solto e noutro, duro.
Uns acham que este aqui tem mais apuro,
Enquanto aquele traz algo que inova;
Alguns mais radicais chamam de cova
Prisão, túnel do tempo e quarto escuro.
Nem oito, nem oitenta: a poesia
É boa ou má conforme o testemunho
Que dá de seu autor enquanto a cria.
Se sai-me redondinha, é que meu punho
Encaixa em cada silaba outro dia
Vivido, sem minuta nem rascunho.

SONETO 535 – ACALENTADO

No dia em que eu for rico, não terei
Mansões, carrões, piscina, apê na Europa:
Com brilho e auê meu tipo não se dopa
Nem paga aula de assunto que não sei.
Na mesa, porem, quero, como um rei,
Jantar com antessopa e sobressopa:
Toalha pode ser até de estopa,
Mas sopa no meu prato será lei.
Não falo da sopinha trivial
Que todo mundo toma no jantar
Tão rala que parece chá com sal:
Refiro-me às que lembro de tomar
No tempo em que a colher, descomunal,
No prato mergulhava, feito um mar...

SONETO 660 – DESFORRADO

Bem feito! Quem mandou me ler? Agora
Vai ter que me engolir com casaca e tudo!
E mesmo quando, em parte, me desnudo,
Quem prova sente nojo e cospe fora.
“Bem feito!” (é o que se diz ao cego) “Chora!”
eu choro, mas em vez dum pranto mudo
converto o desabafo em verso agudo
tão grave quanto um frade que não cora.
Sem papas, meus buracos escancaro
E os olhos dos leitores esbugalho
Ao verem que a derrota vendo caro.
E a quem acha bulhufas o que valho
Das tralhas mais baratas sou avaro
De modo a indecifrar-lhe meu trabalho.

SONETO 100 – PROIBIDO

Tabus são mui comuns em todo mundo.
Na China não se pode ter irmão.
Em Cuba, ser de esquerda é obrigação
E, nos States, nada está em segundo.
Não deve um escritor ser tão profundo
A ponto de ocultar toda intenção;
Nem é-lhe permitido o palavrão,
A fim de não ferir o pudibundo.
Em suma, se correr o bicho pega,
Se fica o bicho come, não tem jeito.
Mas cego que é poeta não se entrega.
Se não existe fama sem proveito,
Já basta o que a cegueira me sonega!
Sou chulo e reconheço meu defeito!

SONETO 427 – PREGUICISTA

Não basta a ditadura da injustiça
E vem a ditadura do magriça.
Caímos no regime do exercício,
Egressos do regime militar.
Censura a poltrona como vicio!
Dever, serão, cobrança, obrigação.
Mal temos um tempinho de lazer,
E os nazis o nariz querem meter
Impondo-nos o esporte e a malhação.
O tempo é precioso. Desperdice-o!
Senão a gente ainda vai parar
Num eito, num presídio ou num hospício.
Resista! Durma! Assuma esta premissa:
A luta tem um símbolo: PREGUIÇA!

SONETO 752 – DA NOVA INQUISIÇÃO

O papa e Bush, unidos, cagam regra
Banindo o casamento gay da lista
Das leis normais: agora esta conquista
É um risco e a sociedade desintegra.
De novo a cantilena: o gay desregra
A vida, e quem num vicio tal persista
Só pode ser doente ou anarquista,
Um vândalo que a Lúcifer alegra.
São eles, governantes, não os gays
Os grandes responsáveis pelo mal,
Reais e verdadeiros seis-seis-seis!
Católicos de merda e o capital
Levaram todo o mundo ao ódio aos reis,
Mas sempre o amor de iguais quase é casal.

SONETO 192 – FLATULENTO

O peido, mais que o arroto, inspira o riso
Gostoso, desbragado, gargalhado,
Da parte de quem pode ter peidado,
Enquanto os outros fazem mau juízo.
Com base no meu caso é que analiso,
Pois, mesmo estando a sós, enclausurado,
Gargalho após os gases ter soltado
E aspiro meu fedor, feito um Narciso.
Me ponho a imaginar a reação
De alguém afeito a normas de etiqueta
Colhido de surpresa ante o rojão...
Meu sonho era peidar fumaça preta
Na mesa dum banquete, para então
Deixar que a gargalhada me acometa.

SONETO 811 – DE TODAS AS VONTADES

Sentada no penico, a garotinha
Se esforça e faz careta. Escorre o ranho
Do lindo narizinho. E que tamanho
E odor tem o cocô que ela retinha!
“Coragem, meu amor!”, diz-lhe a madrinha,
“Cepois ce vai tomar aquele banho!”
“Só isso?” ela sorri, “Que mais eu ganho?”
“Um beijo” “Ah, quero um quarto e uma cozinha!”
Brinquedos tem de monte, mas não faz
Cocô todos os dias, coitada.
Apenas faz barulho e solta gás.
E quando no penico não tem nada,
A infanta, em vez do beijo dum rapaz,
Suplica um cocozão à sua fada!

SONETO 307 – PUNHETEIRO

Se “circle jerk” é roda de punheta,
Já fica desde logo demonstrado:
Brinquedo de guri não é quadrado.
A mente dum adulto é que é careta.
Pensando nos peitinhos, na buceta,
Mas vendo os coleguinhas lado a lado,
Libido de menino é complicado:
Bedelho mete em tudo, esse xereta!
Pentelho inda não tem, e já maneja
Com toda a habilidade seu cacete,
Expondo a cabecinha de cereja.
Lembrar do pirulito e do sorvete
É quase que automático. Fraqueja
Um deles, e na turma faz boquete.

SONETO 139 – OROERÓTICO (OU OROTEÓRICO)

Segundo especialistas, a chupeta
Depende da atitude do chupado:
Se o pau recebe tudo, acomodado,
Ou fode a boca feito uma boceta.
Pratique irrumação o pau que meta
E foda a boca até ter esporrado;
Pratica felação se for mamamdo
E a boca executar uma punheta.
Em ambos casos, mesma conclusão,
O esperma ejaculado na garganta
Destino certo tem: deglutição.
Segunda conclusão: de nada adianta
Negar que a boca sofra humilhação,
Pois, só de pensar nisso, o pau levanta.

GLOSA

Muita merda já fedeu
Glosada de mote em mote,
Mas não há glosa que esgote
O peido que a nega deu.
Outro cheiro é mote meu:
Chulé de macho, um tabu
Que afugenta até urubu!
Chupo o pé, cresce-lhe a pica
E, de tão grossa que fica,
Quase não cabe no cu.

SONETO 174 – BESTIALÓGICO

Senhoras e senhores, caros caras:
Causar-vo-ia mal meu privilégio
De protagonizar o espicilégio
Por entre poesias tão preclaras?
Não, colendos colegas tabajaras!
Fui prócer proclamado no colégio!
Insólito não seja o sortilégio
De haver estro sublime em minhas taras!
Só quem detem desdém maledicente
Verá nos meus poemas despautério!
Os outros me honrarão, logicamente!
Meu único e supremo desidério,
Inconstitucionalisssimamente,
Indubitavelmente, é não ser sério!

GLAUCO MATTOSO – O poeta, ensaísta, ficcionista e articulista paulista, Glauco Mattoso foi registrado civilmente Pedro José Ferreira da Silva, em 1951, formado em biblioteconomia e letras vernáculas. Mantem desde os anos 70 um perfil contracultural, embora prefira ser pos-maldito. Praticou experimentalmente diversos gêneros poéticos: poesia visual, haicai, limerick, glosa, soneto, também se dedicando à poesia de cordel. Tem vários livros publicados e inéditos. Entre suas obras está Poesia Digesta, publicado pela Landy Editora, em 2004. Está cego desde a década de 90.

FONTE:
MATTOSO, Glauco. Poesia digesta (1974-2004). São Paulo: Landy, 2004.

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quinta-feira, agosto 14, 2008

POETAS DO PARÁ



CLAUBER BRANDÃO DE SÁ

O AMOR

Descrevê-lo não posso, não consigo
Porque não acho palavras pra fazê-lo
Mas bem que o sinto, aqui comigo,
Mesmo assim, não consigo descrevê-lo.
É algo que queima, ardentemente,
Que enleva, arrebata e contagia,
Mas, também, faz chorar, maltrata a gente,
Dá tristeza e também dá alegria.
Ora conforta e ora consome,
Parece-me amorfo e sem nome,
De razão e lógica desprovido.
Defini-lo? Não, em nenhum momento,
Porque ele é puro sentimento,
E, como tal, é só pra ser vivido.

A UMA MULHER

De alma transparente, cristalina,
Na tua singularidade és, decerto,
Lírio vicejante no lodo, ou, ainda,
Auspicioso oásis no deserto.
Às vezes penso seres uma miragem,
Algo mui fugidio, irreal,
Incrédulo é que vejo tua imagem
Emergir ilesa do lamaçal.
E termino, então, por convercer-me
De que, num mundo de desilusões
Existes, contraditoriamente.
Eis, pois, como é difícil esquecer-te:
Povoas, assim, como em visões,
Todo o cogitar da minha mente.

TUA PRESENÇA

Na prisão do tempo e da distância
Grilhões de ferro, que romper não posso,
Eu me debato na angustia e na ânsia
De ver-te e viver o amor que é nosso.
Se fecho os olhos, tenho-te na mente,
Se os abro, parece-me que estás
Posta, em pé, tão linda, em minha frente,
Como te vi, meu bem, dias atrás.
O ar, que respiro, tem o teu perfume,
O sol reflete a luz de teu olhar.
Guardei comigo o doce costume
De ver-te em tudo e tudo, assim, amar.
Sinto tua presença bem marcante,
Como se andasses sempre junto a mim.
Eu penso em ti, a todo instante,
E só me satisfaz viver assim.
Balbucio teu nome, a cada momento
Dos meus dias. Eu aspiro por ti
E já não se chame sofrimento
Ou gozo este amor que sempre senti.
Como prisioneiro acorrentado,
Que busca, a todo custo, a liberdade,
Te procuro, meu amor, angustiado,
E continuo preso da saudade.
És para mim o meu melhor alento,
Refigio que procuro, quando triste.
Consquitar-te é meta que acalento,
Pois maior nem pra mim já não existe.

CLAUBER BRANDÃO DE SÁ – Nascido no Maranhão e radicado em Belém, o poeta e professor Clauber Brandão de Sá, é licenciado em Letras e formado em Direito pela Universidade Federal do Pará. É autor do livro Versos & reverso, editado em 2004.

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segunda-feira, agosto 11, 2008

POETAS DE SANTA CATARINA



FÁTIMA VENUTTI

AS MULHERES QUE ME HABITAM

Quantas mulheres existem dentro de uma mesma mulher?
Quantas estrelas cintilam na noite de um único céu?
Quantos rios deságuam num mesmo oceano?
Quantos beijos aguardam, ansiosos, o naufrágio em uma única boca?
São Marias, Joanas, Terezas, cada qual esconde seus segredos, suas paixões, suas dúvidas, seus desejos.
Rugas brotadas pelo tempo que ainda insite em disfarçar sua essência.
Na batalha pelo prazer, eis que surgem:
Guerreiras, invasoras, desveladas.
Quantas delas se perderam sem jamais terem sido notadas?
Quantas perderam seu brilho abafado pela dor, pelos traumas, por desamores?
E quantas outras mais insistem em impor sua presença,
Ainda que se perca a alma...
Quantas mulheres ofuscam como estrelas?
Quantas estrelas guardam em si uma Maria?
Caminhos percorridos tendo somente seu instinto como guia.
Temores resguardados pela sutileza de um único verbo: amar.
Esperas, desvios, enganos, traições, pactos e implosões de desencontros.
Mesmo em derrota, ainda lampeja a primazia de toda sua existência:
Apaixonar-se!
Ah!
Elas são bocas que não calam o desejo deste beijo.
Num empurra-empurra de excelências,
Enroscam-se em seus membros,
Tropeçam em seus prazeres incontidos e absolutos buscando ainda o assalto primoroso desta peleja:
Tornarem-se estrelas no espetáculo do seu êxtase.

PELE

Quando o nosso desejo
Se confundir com a realidade
E as mãos do vento unirem nossos corpos
Num longo encontro repentino
E a lua se fizer nossa única testemunhas
O mundo todo se extinguirá no nosso beijo.
Quando o seu olhar
Fizer o papel da frase que tanto espero
Completando o êxtase do meu canto,
O tempo retrocederá no nosso gozo.
Quando nossos caminhos se fizerem distantes
E a saudade bater tão de repente
Na procura do vento que desenha nossos corpos
Da lua que pincela
A união das nossas cores
Dos olhares que a brincar recitamos,
Da ânsia que sentimos o calor
E o sabor do sumo em nossas bocas,
Da pele que sugamos tão felinos
Do meu cabelo atrapalhando nosso beijo
E tocando os espaços vazios de nossos corpos,
Do tempo que invade nosso leito,
Do fogo que alimenta a chama
De nos querermos na chuva, na brisa, pelo ar...
E de toda a magia que transporta nosso desejo
Numa viagem a templos orientais
Fantasiando ainda mais nossa realidade
Nos sonhos que tanto buscamos
E desejamos que jamais tenham um fim....
Eu saberei, então, que tudo fora muito pouco.
Um pingo que se perderá
Em nossos infinitos encontros.

CANTICOS PARA O TEU SUOR

Num corpo demarcado pelo tempo
A pele, sentinela deste templo,
Configura o ritual da transformação
Em meio a cânticos, confissões que enaltecem
Este único e preciso momento de prazer.
A iniciação do bailado de teus gestos
Amenos, ainda que demais precisos,
Convida e avisa meus reflexos:
É chegada a hora da exaltação!
Ah, que tanto espero e anseio este fulgor
A me banhar como seda transparente
Feito um gibão a cobrir-me e presenteando
Meu corpo, minha tez, meu ser
Com esta consagração: o teu suor.
Ah, traz-me este canto libertino
Para que eu louve incessante e minuciosa
Cada cristal que me for presenteado
Este mimo antecessor de teu êxtase
A pugnar somente para mim:
Esta tua Rainha em seu púlpito de esplendor de gozos e felicidade.
E assim,
A temperar a maciez de minha pele
Com este teu sal de vida faz-se o batismo deste encontro genuíno
Entalhado, entre curvas, flancos, ventres e assaltos de nossas únicas palavras,
A gota que escorre exata de tua testa a cair e entregas todos os teus ais em minha boca.

RECADO

Entre os corpos,
Entre os astros,
Entre as estrelas....
Sob o mar,
Sob o azul,
Sob o luar...
Então, o amor,
Então, o nascer.
Então, o encontrar.
Eu estarei
Eternamente
A te embalar
Em meus fictícios
Versos a voar...
Nua
Tua
A te esperar.

ALTAR

E se deixar...
Eu te levo pra casa
Te conto estórias pra dormir
Te embalo em meus braços
Te consumo em meu ensejo
Te acomodo no meu peito
E te mato no meu beijo.
E se ainda for pouco....
Te adoto, dou-te o meu nome
E te crio, como força do meu ser.
E se ainda não bastar...
Te amarei até que o sol deixe de nascer
E até que a lua deixe de iluminar
As noites que virão.
E se ainda não te contentar....
Te darei a comunhão de nossas vidas
Pra que ela se torne ainda mais infinita.

INCÓGNITA

Incógnita esta tua chegada
De repente, fez-se azul.
A clarear meus dias nublados
A emoldurar-me nas noites abissais
A degustar de mim
O resgate dos versos derramados
Na soleira do meu tempo
Incógnito desejo
Que embora distante estejas
Intimo almejado são teus beijos madrigais
Na ânsia deste novo que principia
Respiro e navego no teu aroma,
Êxtase guardado sob o véu da tua ternura.
Calada e distante, confesso
Meu vislumbre por sobre a tua vinda
A rechear-me os dias, já azulados,
Com outra incógnita:
O germinar deste amor
Que agora respira em mim.

FATIMA VENUTTI – A poeta Fátima Venutti é paulistana de Osasco e reside em Blumenau desde 2002. É formada em Letras e membro da Sociedade Escritores de Blumenau desde 2004. Atualmente, é presidente da entidade (gestão 2007). É autora do livro “Último Beijo”, editado em 2007, bilíngüe, com prefacio de Gervasio Tessaleno Luz e comentário de Jairo Martins.

FONTE:
VENUTTI, Faatima. Último beijo. São José do Rio Preto –SP: THS Arantes, 2007.

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sexta-feira, agosto 08, 2008

PRIMEIRA REUNIÃO



Imagem: Snake River - Grand Teton, Wyoming, do fotografo norte-americano Ansel Adams (1902-1984)

EM MIM

Luiz Alberto Machado

Estou com o sentimento do mundo porque tudo translada tudo está em mim querendo explodir as larvas magnas da criação
Já não tenho nada meu em mim “sou todo coração” e vivo todo transluz que o clímax de viver emite
Sou todos os rostos em mim
Sou todos os acenos alegres e tristes, todo enterro e toda festa, todo frêmito e toda decepção.
Já não sou individual, sou eu e um milhão de gente dentro de mim clamando gemendo gritando sorrindo cantando as muitas existências e já não sigo só.
Em mim as vozes ecoam.
E minha sombra não está embaixo do meu sapato.
Está no espetáculo da vida.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. In: Primeira Reunião. Recife: Bagaço, 1992.

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quinta-feira, agosto 07, 2008

DICAS PRO FINAL DE SEMANA & TATARITARITATÁ!!!



EXPOSIÇÃO REVERSO – Exposição Reverso,da artista visual Karla Melanias, na Galeria de Artes Visuais do SESI, que inicia sua temporada de exposições individuais, com esta mostra,com a curadoria da artista visual Viviani Duarte, tendo como objetivo, consolidar um novo espaço artístico e valorizar o talento alagoano.

A OBRA DE CÂMARA CASCUDO NO MÊS DO FOLCLORE NA CASA DA FAZENDA DO MORUMBI – Durante o mês do Folclore, a ABACH -Academia Brasileira de Arte, Cultura e História-, sediada na Casa da Fazenda do Morumbi, realiza exposição interativa em homenagem ao historiador e escritor Luís da Câmara Cascudo. Durante a mostra, o visitante poderá acompanhar 30 títulos do autor, entre eles Contos tradicionais do Brasil; História da Alimentação no Brasil; Dicionário do Folclore Brasileiro; Mouros e Judeus, entre outros. Na Academia Brasileira de Arte, Cultura e História, Câmara Cascudo ocupou a presidência do Conselho em 1975 e desde 1999 vem sendo representado por sua filha, Ana Maria Câmara Cascudo, atualmente Conselheira. A Obra de Câmara Cascudo no mês do Folclore tem vernissage marcado para 6 de agosto, quarta-feira, com presença de Ana Maria Câmara Cascudo na Casa da Fazenda do Morumbi. A exposição segue até dia 12 de agosto e a visitação é gratuita de terça a sexta-feira das 11h às 18h e aos finais de semana das 11h às 17h. Alguns títulos em exposição também estarão à venda. A Casa da Fazenda do Morumbi fica na Avenida Morumbi, 5594. Possui acesso para portadores de necessidades especiais, Bar e Restaurante, segurança e estacionamento com manobrista (R$ 10,00). Mais informações através do telefone (11) 3742-2810. Info: Leila Peres - inFATO Comunicação Diretora 55 11. 3392-5542 / 3392-5549 / 3392-2243 55 11. 7151-1807 leilaperes@infato.com.br & www.infato.com.br

RESIDÊNCIA NA NORUEGA - Artistas que trabalham nas áreas de fotografia, performance artística, escultura, desenho e pintura podem contar com residência artística na Noruega. Trata-se da Nordic Air Bergen, que oferece estúdio, acomodação, pagamento das despesas com a viagem e subsídios para cobrir despesas durante a estada dos artistas. Os interessados devem se inscrever até o dia 15 de agosto. Outras informações: www.kunstsenter.no, hks@kunstsenter.no/.



VERSOS LIVRES DE RAILTON TEIEXEIRA – Versos livres é o primeiro trabalho de Railton Teixeira da Silva, em formato de cordel e reunindo seus textos em versos e prosa, abordando temas sentimentais, telúricos e a sua interpretação acerca da vida, das pessoas e lugares. Para adquirir o a publicação e falar com o autor é só enviar mail para railtonteixeira@gmail.com

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quarta-feira, agosto 06, 2008

PREMIO NASCENTE DE POESIA



As Edições Nascente promove este ano o Prêmio Nascente de Poesia, para autores nascidos ou residentes no Brasil, maiores de 16 anos e tem por objetivo descobrir novos talentos e promover a literatura brasileira.

INSCRIÇÕES: As inscrições estarão abertas até 31 de dezembro de 2008 e deverão ser feitas somente pela Internet ou para o endereço: Rua Arthur Bulhões, 244/101 – Mangabeiras – 57037-450 – Maceió - AL.
Assim cada autor deverá inscrever-se obrigatoriamente com uma poesia ou quantas quiser (observando-se o regulamento de participação) de no máximo três páginas cada, formato A4 (210 x 297 cm), utilizando somente um lado da folha, texto digitado em Word, em corpo 12 e fonte Times New Roman.
Os poemas devem ter obrigatoriamente um título. Não há necessidade de pseudônimo. Preencher uma ficha de inscrição com nome do autor, CIC, RG, endereço, telefone, mail e nome do poema incristo, anexar as POESIAS e enviar para o mail lualma@terra.com.br ou para o endereço Rua Arthur Bulhões, 244/101 – Mangabeiras – 57037-450 – Maceió - AL.
Ao envio, anexar o respectivo comprovante de pagamento.

REGULAMENTO: O autor poderá participar com 1 ou mais poesias, devendo pagar a taxa de inscrição de R$ 10,00 (dez reais) através de depósito bancário a ser efetuado na ag. 3332-4 do Banco do Brasil, na conta corrente 9051-4 em nome de Luiz Alberto Machado, para cada uma delas. Isto quer dizer que o concorrente poderá se inscrever com número indeterminado de poesias desde que pague a taxa de inscrição de cada uma delas.

COMISSÃO JULGADORA: As Edições Nascente escolherá uma Comissão Julgadora composta de três membros de renomado prestígio literário por categoria, e uma Comissão Organizadora que resolverá os casos omissos deste regulamento, se houver.

RESULTADO FINAL: O resultado final do Prêmio Nascente de Poesia, dar-se-á em junho de 2009 por meio do site www.luizalbertomachado.com.br em local a ser determinado.

PRÊMIOS: 1º Lugar: Um contrato de edição e impressão de 250 (duzentos e cinqüenta) exemplares (sendo 200 exemplares para comercialização através dos lançamentos das Edições Nascente e 50 exemplares inteiramente grátis para o autor), com no máximo 80 (oitenta) páginas, formato 14 x 20,7cm. 1º e 2º ao 30º Lugar: Um contrato de edição e impressão de 240 (duzentos e quarenta) exemplares da Antologia Nascente de Poesia sendo 210 exemplares para comercialização através dos lançamentos das Edições Nascente e 30 exemplares inteiramente grátis rateados entre os autores).



Mais informações: Fone (82) 8845-4611, mail: lualma@terra.com.br ou acessando o site www.luizalbertomachado.com.br



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POESIA

LITERATURA BRASILEIRA



SILVA ALVARENGA (1749 - 1814) – Nasceu em Vila Rica. Estudou no Rio de Janeiro e em Coimbra. Era um ardoroso defensor de Pombal e das idéias iluministas. Sua obra Glaura (1799). Pelos dados biográficos de Manuel Inácio da Silva Alvarenga se pode depreender que sua vida fluiu em parte em função das duas tendências ideológicas atuantes ao seu tempo. Como poeta, entretanto, foi ele obediente seguidor da tradição. Sua poesia lírica consubstanciada num livro apenas, Glaura, é quase um permanente esforço de subordinação a formas e temas consagrados, num preciosismo de quem requinta em obter algo de algo já esgotado e decadente. Todas as suas peças líricas de sua Glaura são em numero de cinqüenta e nove rondós e cinqüenta e sete madrigais. O rondó, forma poética medieval francesa, tem sua notabilidade em Guillaume de Machaut, Eustache Deschamps, Charles d´Orleans, devendo, originalmente, ser destinado ao anto e consistindo de tres estrofes, com um total de doze a quatorze versos, com duas rimas recorrentes. Variando o numero de versos e o esquema das rimas, o verdadeiro apoio fonético que em breve o caracteriza passou a ser a repetição do primeiro verso ao fim da segunda e terceira estrofres do rondó. Variação subseqüente, que se pode chamar rondel, consistiu em repetir, em numero maior de versos, o primeiro verso pela altura do oitavo ou de um dos seguintes versos e no fim do poema. Os rondós de Silva Alvarenga representam um fim de evolução da forma, como estrutura sensivelmente diferente. Consistem, quase todos, em quatro grupos de tres quadras, sendo repetida a primeira quadra, em forma de estribilho, no inicio de cada grupo assim como no fim do poema – o que totaliza, por conseguinte, treze quadras ou cinqüenta e dois versos. O verso, na grande maioria dos rondós, é heptassilabo, redondilha maior, salvo os do rondó que são pentassilabos redondilhas menores, e os rondós hexassilabos. Os heptassibilabos são, quase sem discrepância, acentuados na terceira e sétima silabas. Os pentassilabos, na segunda e quinta, e os hexassilabos, na segunda e sexta. O madrigal, originalmente italiano, confunde-se com a silva espanhola, praticada em língua portuguesa, consistindo de uma pequena serie de versos decassílabos e hexassilabos, em seqüência qualquer, rimando entre si sem esquema prévio de rimas.

A LUZ DO SOL – RONDÓ II

Luz do sol, quanto és formosa,
Quem te goza não conhece;
Mas se desce a noite fria,
Principia a suspirar.
Quando puro se derrama
Vivo ardor no ameno prado,
Pelas brenhas foge o gado
Verde rama a procurar.
E se o astro luminoso
Deixa tudo em sombra fusca,
Triste então o abrigo busca
Vagaroso a ruminar.
Luz do sol, quanto és formosa,
Quem te goza não conhece;
Mas se desce a noite fria,
Principia a suspirar.
Lavrador que aflito e velho
Sobre o campo endurecido
Ver deseja sobmergido
O vermelho sol no mar.
E se o úmido negrume
Tolda os céus, e os vales banha
Fita os olhos na montanha
Onde o lume vê raiar.
Luz do sol, quanto és formosa,
Quem te goza não conhece;
Mas se desce a noite fria,
Principia a suspirar.
Pela tarde mais ardente
O pastor estima as grutas
Onde penas nunca enxutas
Vê contente gotejar.
E se as trevas no horizonte
Desenrolam negro manto,
Com saudoso, e flébil canto
Faz o monte ressonar.
Luz do sol, quanto és formosa,
Quem te goza não conhece;
Mas se desce a noite fria,
Principia a suspirar.
Assim Glaura, que inflamada
Perseguiu aves ligeiras
Quer à sombra das mangueiras
Descansada respirar.
Entre risos, entre amores,
Se lhe falta o dia, chora,
E vem cedo a ver a aurora
Sobre as flores orvalhar.
Luz do sol, quanto és formosa,
Quem te goza não conhece;
Mas se desce a noite fria,
Principia a suspirar.

O AMANTE SATISFEITO - Rondó XXVI

Canto alegre nesta gruta
E me escuta o vale e o monte:
Se na fonte Glaura vejo,
Não desejo mais prazer.
Este rio sossegado,
Que das margens se enamora,
Vê co'as lágrimas da Aurora
Bosque e prado florescer.
Puro Zéfiro amoroso
Abre as asas lisonjeiras,
E entre as folhas das mangueiras
Vai saudoso adormecer.
Canto alegre nesta gruta,
E me escuta o vale e o monte:
Se na fonte Glaura vejo,
Não desejo mais prazer.
Novos sons o Fauno ouvindo
Destro move o pé felpudo:
Cauteloso, agreste e mudo
Vem saindo por me ver.
Quanto vale uma capela
De jasmins, lírios e rosas,
Que co'as Dríades mimosas
Glaura bela foi colher!
Canto alegre nesta gruta,
E me escuta o vale e o monte.
Se na fonte Glaura vejo,
Não desejo mais prazer.
Receou tristes agoiros
A inocência abandonada;
E aqui veio retirada
Seus tesoiros esconder.
O mortal, que em si não cabe,
Busque a paz de clima em clima;
Que os seus dons no campo estima,
Quem os sabe conhecer.
Canto alegre nesta gruta,
E me escuta o vale e o monte:
Se na fonte Glaura vejo,
Não desejo mais prazer.
Os metais adore o mundo;
Ame as pedras, com que sonha,
Do feliz Jequitinhonha,
Que em seu fundo as viu nascer.
Eu contente nestas brenhas
Amo Glaura e amo a lira,
Onde terno amor suspira,
Que estas penhas faz gemer.
Canto alegre nesta gruta,
E me escuta o vale e o monte:
Se na fonte Glaura vejo,
Não desejo mais prazer.

MADRIGAL I

Suave fonte pura
Que desces murmurando sobre a areia
Eu sei que a linda Glaura se recreia
Vendo em tu os seus olhos a ternura;
Ela já te procura;
Ah! Como vem formosa, e sem desgosto:
Não lhe pintes o rosto:
Pinta-lhe, ó clara fonte, por piedade
Meu terno amor, minha infeliz saudade.

MADRIGAL II

Ninfas, e belas graças,
]o amor se oculta, e não sabeis aonde:
as vossas ameaças
ele ouve, espreita, ri-se, e não responde.
Mas, ah! Cruel! E agora me transpassas?
Nunfas, e belas graças,
O amor se oculta; eu já vos mostro aonde;
Neste peito, (ai de mim!) o amor se esconde!

Veja mais Silva Alvarenga.

FONTE:
ALVARENGA, Manoel Inácio da Silva. Epístola (1772). In: Antologia dos poetas brasileiros da fasecolonial. São Paulo: Perspectiva, 1979.
BANDEIRA, Manuel. Noções de história das literaturas. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1940.
BOSI, Alfredo, História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1970.
BRASIL, Assis. Dicionário pratico de literatura brasileira. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1979.
______. Vocabulário técnico de literatura. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1979.
CANDIDO, Antonio. Iniciação à Literatura Brasileira. São Paulo: FFLCH/USP, 1999.
______ Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/ Edusp, 1975.
CANDIDO, Antonio: CASTELLO, José Aderaldo. Presença da literatura brasileira, vol. 1. São Paulo, Difel, 1968.
CARPEAUX, Otto Maria. Historia da literatura ocidental. Rio de Janeiro: Alhambra, 1980.
_________. Pequena bibliografia critica da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1979.
CARVALHO, Ronald. Pequena história da literatura brasileira. Rio de Janeiro: F. Briguet, 1955.
CASTELLO, José Aderaldo. Manifestações literárias do período colonial (1500-1808/1836) São Paulo: Cultrix, 1972.
COUTINHO, Afrânio. Introdução à literatura no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
DURÃO, Jose de Santa Rita. Caramuru. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
FERREIRA, Pinto. Historia da literatura brasileira. Caruaru: Fadica, 1981.
FRANCO, Afonso Arinos de M. “Prefácio”. In: ALVARENGA, M. I. da Silva. Glaura. Poemas eróticos. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1943, p. IX-XXVII.
HOLANDA, Sergio Buarque (Org). Antologia dos poetas brasileiros da fase colonial. São Paulo: Perspectiva, 1979,
HOUAISS, Antonio. Silva Alvarenga: Poesia. Rio de Janeiro: Agir, 1958.
LIMA, Alceu Amoroso. Introdução à literatura brasileira. Rio de Janeiro:Agir, 1956.
LIMA, Manuel de Oliveira. Aspectos da literatura colonial brasileira. Rio de Janeiro/ Brasília: Francisco Alves/ INL, 1984.
LITRENTO, Oliveiros. Apresentação da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Forense-Universitária/INL, 1978.
MARTINS, Wlson. A literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1967.
MOISÉS, Massaud, A Literatura Brasileira Através dos Textos. São Paulo: Cultrix, 2000.
________. A Literatura Portuguesa. São Paulo: Cultrix, 2001.
ROMERO, Silvio. Historia da literatura brasileira. Rio de Janeiro: José Olympioo/INL, 1980.
SODRÉ, Nelson Werneck. Historia da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Civilização Brasiléia, 1976.

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terça-feira, agosto 05, 2008

DICAS DA SEMANA & TATARITARITATÁ!!!!



UNIVERSO DO CORDEL - Está em cartaz no Instituto Cultural Banco Real – Recife – PE, a exposição O Universo do Cordel, organizada pelos curadores Franklin Pedroso e Pedro Vasquez. A mostra registra, através de recursos multimídia, peças de arte popular, matrizes de xilogravura, vídeos documentários sobre cordelistas e cerca de dois mil títulos de folhetos de cordel. A exposição está aberta ao público de terça a quinta-feira, das 14h às 20h e de sexta a domingo, das 14h às 22h, permanecendo até o próximo dia 10 de agosto. Instituto Cultural Banco Real Av. Rio Branco, 23 - bairro do Recife (em frente ao Marco Zero da Cidade) 50030-310 - Recife – PE tel. 81-3224-1110 - 81- 3224-0871 instituto.cultural.banco.real@bancoreal.com.br Veja mais Literatura de Cordel.

III RECITATA - Continuam abertas até o próximo dia 10 as inscrições para o 3º Recitata, cujas classificatórias acontecerão nos dias 28, 29 e 30 de agosto, e no dia 31-08, na Rua da Moeda, ocorrerá a finalíssima deste concurso deste evento que tem por objetivo divulgar a poesia por meio de recitais poéticos e faz parte da programação do 6º Festival Recifense de Literatura. Acesse a página http://www.interpoetica.com/recitata3.htm e veja o regulamento.

10º ENCONTRO NACIONAL DE ESCRITORES - Acontece no Palace Hotel, em Caxambu, no Sul de Minas, entre 11 a 13 de setembro de 2008, 0 10º Encontro Nacional de Escritores. Este ano, o evento conta com grandes nomes da literatura nacional e com uma vasta programação que vai de shows e performances até poemas visuais e literatura de cordel. PALACE HOTEL - CAXAMBU – MG 11, 12 e 13 de setembro de 2008 HOMENAGEADOS José Bento Teixeira Sales José Afrânio Moreira Duarte (pós-mortem) Câmara Mineira do Livro INSCRIÇÕES Avenida Camilo Soares, nº 100 - Caxambu – MG Fone: (35) 3341-3500 Fax: (35) 3341-1078 e-mail: amag@estancias.com.br confira a programação no nosso site www.amagmunicipios.com.br

ARTE EM PROL DA INFÂNCIA - Artistas maranhenses dedicam obras ao Estatuto da Criança e do Adolescente e ajudam o Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente Padre Marcos Passerini. Os ilustradores Beto Nicácio, Paulo Ribeiro, Carlos Sales, Salomão Júnior, Helton Luís e Salomão Junior, os artistas plásticos Iramir Araújo, Ana Borges, Raimunda Fortes, Donato Fonseca, Maciel, Régis, Paulo César, Adrianna Karlem e João Carlos, os fotógrafos Edgar Rocha, Márcio Vasconcelos, os jornalistas e fotógrafos Geraldo Iensen e Wilson Marques, o cartunista Cabalau e o caricaturista Jonilson Bruzaca estão aplicando seus talentos para divulgar os direitos de crianças e adolescentes. Esses artistas aderiram ao Projeto Arte Solidária, cuja proposta é trazer interpretação artística sobre os direitos ao desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social expressos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Os artistas que confirmaram participação mostram que uma boa causa é capaz de mobilizar talentos dos mais diversos matizes. O projeto foi idealizado e mobilizado pela Dupla Criação, com a parceria do SESC, que reafirma seu compromisso com o serviço social e como difusor da produção artística maranhense. A Eletronorte também apóia a iniciativa. O resultado dessas parcerias com o Centro de Defesa Pe. Marcos Passerini se concretizará na "I Mostra Arte Solidária". As obras estarão em cartaz de 07 a 29 de agosto, na Galeria do SESC Deodoro, das 8h às 17h30. A abertura da Mostra acontecerá dia 06 de agosto, às 19h. As obras foram doadas ao Centro de Defesa Pe. Marcos Passerini e as pessoas e empresas interessadas em adquiri-las podem visualizar algumas no blog http://www.arte-solidaria.blogspot.com/. A arrecadação com as vendas subsidiará as atividades desenvolvidas pela instituição. Centro de Defesa O projeto Arte Solidária integra as atividades comemorativas dos 17 anos do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente Padre Marcos Passerini (CDMP). Desde agosto de 1981, a ONG vem atuando na defesa dos direitos de crianças e adolescentes no Maranhão, contribuindo para a construção de uma cultura que incorpore a concepção deste segmento como sujeitos de direitos. O Centro de Defesa Marcos Passerini ou simplesmente Centro de Defesa - nomes com os quais é mais conhecido - presta assessoria sócio-jurídica e pedagógica para defesa de direitos e cidadania; assessoria a Conselhos de Direitos e Tutelares; enfrentamento da violência sexual e doméstica; sensibilização e formação na temática dos direitos de crianças e adolescentes; prevenção e combate ao trabalho infantil; monitoramento da política socioeducativa; e proposição de políticas públicas. Uma das ações de destaque do Centro de Defesa foi o Caso dos Meninos Emasculados, que denunciou o Estado brasileiro à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados americanos (OEA). Outro destaque é o enfrentamento aos casos de violência sexual, onde através do Projeto Rompendo o Silêncio foi implantado o Centro de Proteção à Criança e ao Adolescente (CPCA) na capital, cuja estrutura dispões de Delegacia, Promotoria e Varas Especializadas em Crimes contra Crianças e Adolescentes, além do Centro de Perícias com atuação nas áreas médica, psicológica e social. Com esse avanço, hoje, criança ou adolescente vítima de abuso sexual, por exemplo, pode receber um atendimento especializado, algo que não existia ou não existe até então em outros órgãos. Mas outras ações são importantes serem lembradas. O Centro de Defesa há muito vem fazendo um trabalho de formiguinha para implantação e formação de conselhos municipais dos direitos das crianças e dos adolescentes e conselhos tutelares nos 217 municípios maranhenses. Na prevenção à violência sexual e doméstica, o Centro de Defesa está desenvolvendo o Curso Semente de Girassol, com a parceria do Unicef e Petrobras. Através desse Curso mais de 1.300 pessoas, de 24 municípios, serão capacitadas, em 2008, na temática. Para subsidiar as políticas públicas, o Centro desenvolve o Observatório Criança, que realiza estudos e pesquisas dos indicadores sociais - saúde, educação, assistência social, violência, ato infracional, produção legislativa, segurança, direitos humanos - bem como dos seus referidos gastos, no âmbito das políticas públicas estaduais. Tanta mobilização na área da infância e adolescência tem sido realizada através de inúmeras parceiras e da participação em várias instâncias, como no Fórum Estadual dos Direitos da Criança e Adolescente (Fórum DCA), grupo Gestor do Projeto Rompendo o Silêncio, Fórum de Erradicação do Trabalho Infantil, Comitês Municipal e Estadual de Enfrentamento à Violência contra Crianças e Adolescentes, Fórum Estadual de DH, Monimento Nacional de DH, Rede Amiga da Criança, Comitê conta a Tortura e Associação Nacional dos Centro de Defesa (ANCED). Agenda Exposição: "Arte Solidária" Local: Galeria do Sesc (Av. Gomes de Castro, 132, Centro) Abertura: 06 de agosto de 2008 (quarta-feira), 19h Período de visitação: 07 a 29 de agosto de 2008 Horário de visitação: 8h às 17h30 Plano de visitas mediadas: 11 a 28 de agosto Agendamento (prévio/gratuito/informações): (98) 3216-3830 Outras informações do CDMP: centromarcospasserini@hotmail.com | (98) 3231-1445 http://www.arte-solidaria.blogspot.com

IMPRESSÕES - Noite cultural: 07/08/2008 – Quinta-feira - 20 horas Abertura da exposição ILUSTRANDO - mostra de desenhos e ilustrações da designer gráfica brusquense Márcia Cardeal (07/08 à 29/08) Saulo Adami, autor de "Brusque: cidade Schneeburg", apresenta e autografa seus mais novos livros - a autobiografia "Diários de Hollywood: um brasileiro no Planeta dos macacos" e o romance "Palavra tardia". Regina Carvalho apresenta a coletânea “O novo conto catarina”, da qual é organizadora. Autografa acompanhada das escritoras Inês e Suzana Mafra, brusquenses, integrantes da coletânea. Música: Louise Clemente e Nadjara Barth Onde: Fundação Cultural de Brusque R. Pastor Sandrescky, 200 – Centro Info: 3355-7381 FUNDAÇÃO CULTURAL E BIBLIOTECA ARY CABRAL BRUSQUE: 148 ANOS

PAINEL LITERÁRIO - Abertas inscrições para Painel Literário de AGOSTO. A Editora Cultura em Movimento e a Biblioteca Municipal Fritz Müller estão selecionando textos com o tema referente à Morte. O material será exposto no mural da Biblioteca, durante todo o mês de agosto. A proposta é mensalmente abordar temas de diferenciados assuntos do cotidiano. Toda pessoa pode participar. Basta mandar o texto via e-mail para editora@fcblu.com.br. Uma comissão vai selecionar os textos.
Cada autor pode mandar até dois textos para apreciação. Depois da exposição a mostra deve seguir itinerante para outros pontos culturais da cidade. O prazo para envio do material é até 8 de agosto. A mostra acontece de 11 a 30, de segunda a sexta-feira, das 8 às 17h30min; sábados, das 8 horas ao meio-dia. A participação é totalmente gratuita.Fontes: Rodrigo Ramos (Diretor Editora Cultura em Movimento FCB) 3326 7511 e 9968 9880 e Sandra da Silva (Bibliotecária) 3326 6787 e 9923 4720.

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