sexta-feira, maio 08, 2009

O TRÂMITE DA SOLIDÃO


Imagem: foto de Derinha Rocha.


Se um dia eu tivesse a canção
Uma apenas seria o bastante
E se a tanto chegasse à paixão pelos alto-falantes
Há tempos que eu não sei

Ah, há o hesitante teibei
Eu sei por que não ganhei tudo
Que a vida me deu, nem perdi nem me iludo,
Só aconteceu

É tudo medonho
Até quando o sonho se foi e valeu
Por todas as vozes que são minhas
E guardo sozinha às braçadas
Das guerras perdidas regadas
E eu nada mais sei
Mais nada.

E calada, todas as vozes sou eu gritando xexéu na barra do dia
Todos os risos são meus na alegria,
Todas as dores são minhas quando vivo à tardinha
Todas as sombras do que vivi.

Sobrevivi e meu canto
É a minha carne em postas pelo amor
dissolvida em gemidos, em versos decomposta

O sabor na resposta da iguaria
Que é a minha poesia que acendeu,
Venha se servir, a mesa esta posta
Só sou eu e o amor, nada mais,
Nada mais, só sou eu.