segunda-feira, abril 13, 2009

POETAS DE PALMARES



RAYMUNDO ALVES DE SOUZA

GLOSA PARA FAFÁ DE BELEM:
É LINDA, É LINDA DEMAIS
E O COLO É DE ENLOUQUECER

Arisca, meiga e sagaz
Com umas, tão lindas curvas.
Que a mente da gente turva
É linda, é linda demais;
Só pedindo a satanás
Para Deus não ofender,
Pra toda vida se ter:
Provocando nossos anseios
Aqueles tão lindos seios:
E o colo é de enlouquecer.

DESEJO

Quero fazer o meu ninho,
No colo dos meus anseios,
Dando o primeiro beijinho
Na cava destes teus seios;
E sentir no teu olhar,
Um desejo, igual ao meu,
E o resto da vida ficar
Unidinhos, você e eu.
Vendo pássaros voando,
Frutas amadurecendo
Flores desabrochando
Eu e você nos beijando
Fazendo o mundo sentir
A inveja do nosso amor
Numa ilusão meiga e sutil,
Como o vôo de um beija-flor;
Juntinhos tenho certeza,
Que findaremos a vida;
Sentindo a tua nobreza
Enquanto vivemos, querida.

CANTIGA POPULAR

Assobe, assobe ganjeiro,
Meu ganjeitinho real,
Avistas terras de França,
Areias de Portugal.

Já vejo terras de França,
Areias de Portugal,
Tambem vejo três donzelas
Debaixo de um parreiral.

Uma está levando ouro,
Outra lavando metal,
A mais pichitita delas, a mais linda,
Está procurando um dedal.

GLOSA: CEIANDO, OS TRES CARDEIAS
RECORDAVAM OS SEUS PASSADOS

Nos tempos medievais,
Nesta idade eu não vivi,
Foi com prazer que eu vi
Ceiando os três cardeais;
Sonhando os seus ideais
Que, na alma estava ocultados,
E na virtude consagrados,
Os três príncipes do Vaticano
Num sentimento profano
Recordavam os seus passados.

PALMARES

Palmares, eco da minha musa,
Perfume de todas as flores,
Do buquê que a imortalidade usa!
Berço dos poetas e dos amores,
Rincão da fé e da igualdade,
És o leito do Uma: com cascatas no teu colo!
Sepulcro dos vates, que enriquece as saudades
Gleba do amor, pedestal de Apolo,
Encruzilhada da gloria
És o trono das grandezas.
Em meu cérebro eu canto a tua história
De ciência e de luz, de paz e de nobrezas.

PASSOS DA VIDA

Quem não enfrenta o perigo,
E não sabe se defender,
No campo dos perseguidos,
Vê sua gloria morrer.

A dor também dá saudades,
Caminho do sofrimento,
Nunca vi felicidade
Sem um pouquinho de tormento.

Se a vida só fosse gozar,
Vivendo sem se sofrer,
Todos viviam a cantar,
Sentindo grande prazer.

PEITICA

Uma peitica cantando
Simboliza piedade
É um beijo triste voando
Indo beijar a saudade.

Peitica chora cantando
O amor que nela encerra
Parece que é a dor rezando
Na penha verde da serra.

VIDA

A vida não é sorrir,
E também não é chorar,
A vida não é sentir,
A vida é saber amar.

AMOR DE MÃE

Vi uma mãe, soluçando no altar da esperança,
De ver o filho, que partiu sem lhe avisar,
O amor sagrado de mãe, nunca cansa,
Tem a dor e a saudade e vive sempre a esperar.

É uma gloria que consolida a aliança,
Sorriso na boca, de quem só vive a rezar,
Felicidade que a alma sempre alcança,
Amor profundo, que faz lagrimas rolar.

O amor, que faz sentir, a fé de sempre viver,
O sentimento mesclado de piedade e razão,
A mais santa gloria, a do sublime dever.

É ordem da vontade e o dever da paixão,
Fraternidade que lhe manda obedecer,
Pra ter sempre o filho amado, abraçado ao coração.

SUPLICA DE LOBO

Na selva um lobo devorava a sua rês,
Num vasto prado, de flores enfeitado,
Um abutre também, a sua presa fez,
Num que outras rezes havia devorado.

No repasto, a fera temendo talvez,
Bradou: oh, Deus! Oh, Cristo! Jesus amado!
Será que matando a fome eu pequei?
Não vês? É o nosso único pecado.

Vê o homem na dupla iniqüidade,
Desintegrando os átomos, a cuidar,
Num professo de lesa caridade.

Louco, tentando tudo exterminar,
Monstro da ciência, sem fé e sem piedade,
Voraz na sua gula, cruel no próprio lar.

CONSTRUÇÃO

Um pequeno dinheiro
Que ti guardas todo dia,
Será grande celeiro,
A imagem da economia.

O beijo que dás sorrindo,
Na boca da tua amada,
É um lar se construindo,
Tua futura morada.

O romeiro que faz a prece,
Na catedral da crença
No peito nunca fenece
Aquela ilusão imensa.

Rancho parca vivenda,
Vivenda agora mansão,
Contos das grandes lendas,
A catedral da ilusão.

FLORBELA

Chuva, sereno e frio,
Sento esperando ela,
Para ver o clarão do estio,
Versejando por Florbela.

Gosto das trovas singelas,
Da poetisa apaixonada.
Com as rimas de Florbela,
Dos seus versos enamorados.

Poetisa decantada,
Pelos vates nos seus poemas,
Deusa e musa consagrada,
Nas suas trovas supremas.

É ladainha rezada,
Quando se pede clemência,
Florbela a for encantada
No jardim da existência.

VELHICE

Quando o meu derradeiro amor sucumbiu,
Num grito eu perguntei,
Atento, procurando,
O derradeiro afeto que fugiu:
Onde estão as mulheres que eu amei?
Senti a alma chorando,
E na ironia do silencio, o meu grito se extinguiu.
Ocultas vivem talvez,
Nas decepções do meu passado,
Não sei.
Apesar de as ter procurado,
Com ressonâncias sutis de românticas baladas.
Sinfonias de amores, de cor e de pecado,
E nas meigas recordações
De uma voz, um beijo, um sorriso
Três poemas abraçados,
Que nos momentos engraçados,
Levavam-me ao paraíso.
Perdi a plástica, a fé e os afetos,
Trôpegos passos incertos,
Descendo as cordilheiras da velhice,
Ladeiras acidentadas,
Antítese, fatal da meninice.
Agonia do ocaso, o crepúsculo da vida,
Esperanças estranguladas,
Rugidos de pantera sufocam-me o peito sem alento.
O sepulcro das ânsias saciadas.
Foram-se as quimeras no turbilhão dos ventos,
Ficando somente as saudades de outras eras,
Envoltas na dor dos desenganos,
E chagas na alma, a rubrica dos tempos,
Os carrascos eternos, longevos tiranos,
Mercadores supremos, dos reveses e desilusões
Que nos trazem os anos.
Destino ou fatalidade,
Foram os túmulos das minhas vaidades
E de tudo que sonhei:
Amores e crueldades,
E das tragédias que me deixaram saudades.
Adeus....
Adeus...
Mulheres que tanto amei.

ULTIMO POEMA

Não sei se deixo saudades
Quando a morte me levar
Mas sei que levo lembranças
Que faz minha alma chorar.

RAYMUNDO ALVES DE SOUZA – Nascido em Panelas, em 1884, viveu em Palmares onde morava sua avó e onde se formou artisticamente, destacando-se entre os poetas, escritores e artistas locais do passado. Foi aluno da mãe do poeta Ascenso Ferreira, foi pro seminário desistindo depois da ordenação, passando a trabalhar no barracão do Engenho Japaranduba, quando se torna mestre alfaite. Daí, colaborou com jornais e revistas pernambucanos e de outros estados. Tornou-se ator, casou-se, estreitou amizade com Ascenso Ferreira, casa-se de novo quando vai pro Recife, re-casou-se e vai se casando infinitamente, tornou-se vereador palmarense pelo PSD, fundando a Academia Palmarense de Letras. Em 1979, foi publicado o primeiro e único número do caderno cultural Nova Caiana, em Palmares, “Vida & Poesia de Raimundo Alves de Souza”, sob a coordenação editorial de Juhareiz Correya. Posteriormente seus poemas foram incluídos na antologia “Poetas dos Palmares”, edição de 1987. Em 1988 foi publicado pelas Edições Bagaço o livro “Celeiros d´alma – antologia poética”.

POLÊMICA: RAIMUNDO, O PAI BIOLÓGICO DE VINICIUS DE MORAIS – Desde menino que eu via aquele cidadão de idade avançada, apoiando os cotovelos na janela e jogando pilhérias e cantadas para as mulheres que passassem pela Rua Nova.
Perguntei pro meu pai quem era aquele, quando tomei ciência tratar-se do poeta Raimundo, que já fora anos atrás alfaiate, ator e Don Juan.
Em Palmares, eu morava na Rua Visconde de Rio Branco, mais conhecida como Rua Nova, onde também morava o insigne poeta: bem em frente a uma escola ao lado da Loja Maçônica.
Muitas vezes ouvi de muitas mulheres e até de algumas paqueras de namoricos efêmeros que tive, os reclamos acerca do comportamento do ancião, tido por elas como um licencioso e depravado – sem eufemismos mesmo, elas chamavam-no mesmo de velho safado. É que ele costumava soltar pilhérias e cantadas às rebucolosas passantes, fossem elas moçoilas esvoaçantes, meninotas à flor da vida ou senhoritas saltitantes, ou senhoras comportadas ou damas da sociedade, ninguém lhe escapava ao flerte contundente.
Eu mesmo o vi às gargalhadas berrando:
- Já fui muito bom nisso! Venha que ainda dou um caldo.
Foi quando soube dum mote que foi glosado pelo poeta e teatrólogo palmarense, Lelé Correia, que chegou assim:

Mote:
Tres coisas boas no mundo:
Jogo, mulher e cachaça.

Glosa do Lelé Correia:
Ao velho amigo Raymundo,
Pedi para que citasse,
Ou melhor, que indicasse
Três coisas boas no mundo.
Inteligente e fecundo,
Sem preconceito de raça,
Bom sujeito, boa praça,
Mas um tanto irreverente,
Disse imediatamente:
Jogo, mulher e cachaça.

Certo dia, tinha eu lá uns 16 ou 17 anos de idade, um passarinho cochichou um zunzunzum cabeludo que eu depositei ao conhecimento dos meus amigos Luiz Gulu de França, Célio Carneirinho e Mauricinho Melo Junior. Corria o boato solto de que o pai de Vinicius de Morais era palmarense.
Eita! Isso coincidiu exatamente com a edição duma entrevista do Vinicius na cama a uma jornalista da revista Playboy, onde ele dizia: sou o filho único de um pai de muitos filhos.
Investigamos de forma aprofundada e fomos bater na casa de Raimundo com gravador, maquina fotográfica e uma foto do Vinicius.
Quando a gente chegou lá, o homem recebeu a gente segurando uma sonda que lhe vinha da bexiga, versos de cor e a certidão de que ele já contava com uns 93 anos de idade, por aí.
Ficamos embasbacados. Primeiro, porque a voz do homem era talqualzinha a de Vinicius. Segundo, o homem recitava poemas e mais poemas de cor e salteado, deixando agente arrepiado e de cabelo em pé.
A gente ainda era adolescente, mas pela inexperiência fomos direto ao assunto. Resultado: a gente ficou sabendo que ele tinha 23 filhos de mães diferentes. A esposa atual que se encontrava na sala, quando ele começou a falar disso, recolheu-se barulhentamente na cozinha, sinal de que não estava gostando nada daquilo.
Pois foi, ele contou, nome por nome, um a um dos seus filhos, exceto dois que ele não conhecia. Detalhou amigações, prostituição, safadeza e muita libidinagem. Não perdia tempo para rasgar elogios com forte teor erótico acerca da geografia feminina, sua grandiosidade de recipiente do amor e outras tantas ladainhas de punhetagem, fudelança e sapecamentos risiveis.
Entre os dois filhos que não conhecia, um era engenheiro pras bandas de Brasilia e que ele soubera muito pouco.
O outro, aí vem a história.
Contou ele de anos passados – a entrevista que fizemos com ele foi mais ou menos em 76 ou 77, não lembro bem o ano. Nem sei se Gulu, ou Mauricinho ou Célio Carneirinho lembram o ano, mas foi por aí mesmo.
Pois bem, ele fazia referências, então, às décadas em que ele era o alfaiate e galã número 1 das famílias de Palmares e Recife.
Contou ele que uma distinta senhorita filha de usineiros alagoanos, piscou e se apaixonou pelo dito cujo. Paixão avassaladora. A mulher uma ricaça que quando soube que ele era casado, apossou-se de uma espingarda e, ao encontrá-lo numa das ruas do Recife – ele falou o nome da rua, da mulher e de tudo, mas não lembro os tais nomes -, ela meteu-lhe bala. Apenas um tiro feriu-lhe o braço, fazendo-se de morto. Depois do atentado, ela zarpou num jipe, esculhambando o poeta com infamantes impropérios do injuriamento popular.
Aí ele contou que anos depois, um distinto cidadão se dizendo industrial ou fazendeiro mineiro, ou coisa assim, ofereceu-lhe um vultoso montante financeiro daqueles bem raçudo e indispensáveis para que ele desse por encerrado a questão com a distinta usineira e esquecesse da gravidez dela, porque ele, o industrial ou fazendeiro, sei lá, a partir dali, assumiria a paternidade da criança nascida no Rio de Janeiro daquele desagradável enlace, sem esquecer, ainda, de deixar educadamente uma ameaça no pé do maluvido dele para que tomasse juízo e não desse com a língua nos dentes acerca do fato.
Depois disso, ele contou amiudadamente um contato tido entre o Zezinho Quaresma, um conterrâneo que morava no Rio de Janeiro e filho do Tabelião do Primeiro Oficio de Palmares, com o Vinicius de Morais, acertando um encontro entre Raymundo e Vinicius. Era o Zezinho Quaresma que, toda vez que visitava Palmares, trazia noticias de Vinicius. A coisa andava nesse pé.
Ainda cheguei a mostrar-lhe uma foto de Vinicius. Vimos quando ele encheu os olhos d´água. E começou a recitar poemas e mais poemas de viva memória e de sua autoria, mostrando-nos a inconfundível similaridade.
A gente saiu encantado e sem saber o que fazer com aquela entrevista. A gente só podia sair boatando mesmo. Resultado: a gente inventou de checar a história com a filharada dele em Palmares. Não deu outra, só porta na cara. As filhas que a gente conhecia e que era amiga nossa desde infância, quando começamos a falar de Raimundo, bateram a porta na cara da gente e nunca mais falaram conosco. A gente não sabia que cada um dos filhos era de mães diferentes.
Aí foi quando numa reunião das Noites da Cultura Palmarense, a gente delatou o fato para os presentes. Aí o Juarez Correia, juntamente com o Givanilton Mendes, deram de checar aquilo. Resultado: o único número do caderno Cana Caiana com os poemas de Raimundo.
Depois o próprio Juarez, em 1980, editando a revista Poesia – para viver a vida, destacou a entrevista que fez com Raimundo assinalando que Vinicius de Morais era pernambucano.
Eu ainda estava na Bagaço quando foi publicado o livro “Celeiros d´alma – antologia poética”, apresentado por Maria Lucia Alves Paiva, uma das filhas do Raimundo e, à época, diretora da Faculdade de Palmares e, também, apresentado pelo filho dela, neto de Raimundo, Aluisio Afonso Ferreira Paiva Filho.
O prefácio foi do professor e pastor Elias Sabino de Oliveira, que já dizia: “(...) Raymundo Alves de Souza foi um homem cheio de amor e de amores, e perdido de amor. Quando sentiu haver perdido a plástica e o contato de fora de casa com os amigos, achou-se desprovido de fé e de afetos. Mas não se ira nem se revolta, não blasfema nem se mostra deseducado. Despede-se com elegância, bradando comovido: Adeus... adeus....mulheres que tanto amei. (...) parece, na verdade, que é destino de todo idoso não viver o seu presente, mas só viver o passado, donde se conclui que aonde vai o homem, vai com ele seu passado”.
Destaco aqui as palavras do amigo conterrâneo e jornalista Mauricinho Melo Junior nas orelhas do livro: “Palmares, a exemplo de Paris, era uma festa. Fervilhava cultura por todos os lados. Tempo pródigo. Tudo era grande arrebatador, as paixões, os sonhos de glorias, as ambições literárias. Pelas páginas de A Noticia corria solta a lira de poetas e cronistas. Fenelon Barreto, Arthur Griz, João Costa. Um Ascenso Ferreira rimado e metrificado, e lá se ia um mundão de gente. Nos bailes do Gremio Literario a sociedade desfilava os ouros e os feitiços arrancados do açúcar da cana. Do mundão de livros da biblioteca do Gremio nasciam as luzes que faiscavam em versos e prosas. No Cine e Theatro Apolo, entre uma fita em série e uma apresentação, o paraíso era das dondocas e almofadinhas. A Arcadia Dramatica, o orgulho e a grande esperança do pequeno burgo encravado a margem esquerda do rio Una, podria singrar as terras, trespassar as fronteiras do estado e talvez do país. A festa e a alegria era tal que sequer se prestou atenção em um rapazote de dezessete anos que rabiscou uns versos à sua bem amada Joventina. Raymundo Alves de Souza foi parte ativa de todo clima. Nascido em Panelas do Mirador, no dia 25 de setembro de 1884, galã da Atcadia Dramatica, divisou sua longa existência entre amores às mulheres e às letras. Era homem de mil paixões. Autodidata, lia tudo que caia nas mãos. Tinha esquecido temporariamente a poesia. Parece que o palco atraia mais mulheres. Maior era o encanto e a magia das cenas. Poucos eram os galãs, imenso o batalhão de poetas e beletristas. No entanto, usava do veio poético para atirar suas quase sempre maliciosas ferpas. Certo dia abriu as páginas de A Noticia e lá estava em letras de imprensa um soneto do Doutor Promotor, amancebado que era com a teúda e manteúda Dona Cota, dizendo que para povoar o universo, bastava usar e abusar dos dotes de Raymundo. Mais por deboche que propriamente por estar melindrado, o poeta não deixou por menos, e lhe deu o troco com o verso a seguir: Bacharel inteligente / não joga jogo de sota / nunca arranhou donativo / mas entre sempre na cota. Sua vida de mil amores deixou que fosse passado nos braços das mulheres amadas. Por elas renunciou ao seminário, ao oficio de poeta, às luzes da ribalta. Vida longa, folgazã, doce, ativa. Entretanto, a poesia, resguardada nas mais profundas entranhas da alma, ressurge. (...) Aos setenta anos retoma a função de poeta (...) A partir daí, já com idade avançada, quando a maioria dos homens estão renunciando sua condição de gente, começa a construir uma obra poética amadurecida e vigorosa. Sem ambição de publicar sua produção, vai botando no papel todas as emoções de sua existência. Tudo para Raymundo teve a prudência de quem deixa que as frutas amadureçam por si mesmas, sem temor do descuido da queda, sem o risco do apodrecimento prematuro. Sua obra começou a ser escrita na velhice e seu ineditismo só agora, após cento e quatro anos de nascimento, é definitivamente quebrado. Reunidos ainda pelo próprio poeta, guardados com afeto por seus filhos e netos estes versos são o resgate pleno de um dos maiores literatos de uma Palmares guardada para sempre na ostentação do titulo de Atenas Pernambucana (...)”.
O livro é dividido em Cantigas populares, Livro das glosas, Livro dos Poemas, Livro dos Poemetos, Livro dos Sonetos, Livro das Trovas, fotos e cronologia.

FONTES:
CORREYA, Juhareiz (Coord). Poetas dos Palmares. Recife/Palmares: FUNDARPE/Fundação Casa da Cultura Hermilo Borba Filho, 1987.
SOUZA, Raymundo Alves. Celeiros d´alma – antologia poética. Palmares: Bagaço, 1988.

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