segunda-feira, outubro 13, 2008

LITERATURA BRASILEIRA



O ROMANCE NO ROMANTISMO - O gênero romance é uma das conseqüências da liberdade de criação e forma permitidas pelo Romantismo, tendo suas origens nas novelas de cavalaria medievais e nas epopéias clássicas. Na Europa, principalmente na Inglaterra, seu surgimento remonta ao início do século XVIII, com obras posteriormente consagradas no mundo todo, mas no Brasil somente começara cerca de cem anos após. Tal fato leva Assis Brasil a observar que para alguns estudiosos, o romance é a mais completa de todas as formas artísticas por ter uma característica saliente: “(...) apresenta uma pluralidade de conflitos, de ações, de episódios, de personagens; atinge uma cosmovisão, um horizonte largo da condução humana”. E para Nelson Werneck Sodré (1976, p. 166): “(...) O romance representa a contribuição por excelência da ascensão burguesa ao desenvolvimento literário. É com aquela ascensão que o gênero chega à sua maturidade, torna-se o caminho natural, o caminho comum da criação literária”. Com base nas idéias expressas por Dimas (1987), Dourado (2000), Proença Filho (1990) e Brasil (1979), o romance é um gênero da literatura que transpõe para a ficção a experiência humana, em geral por meio de uma seqüência de eventos que envolvem um grupo de pessoas em um cenário específico. Anota Autran Dourado (2000) que a diferença entre romance e novela é flutuante; uma das distinções possíveis seria definir o romance como uma narração extensa em prosa, e a novela como uma mais breve, intermediária entre o romance e o conto. Pode-se ainda distinguir o romance da novela definindo esta como exposição de uma situação conflituosa, em que causas e efeitos são apresentados resumidamente, ao passo que no romance inclui a evolução e o desfecho de todos os acontecimentos, com o panorama social ou histórico. Encontra-se, em conformidade com os autores mencionados, os elementos fundamentais do romance que são o enredo, a caracterização dos personagens e o narrador.
O enredo, segundo Assis Brasil (1979), é a história de um romance, de um conto, de uma novela. É um suporte para que a linguagem ficcional se realize como tal, como expressão. A caracterização dos personagens, conforme Brasil (1979), é dada a partir da origem da persona que são as pessoas que transitam pelo romance, obtendo estas formas, juntamente com o enredo e a descrição paisagística, e são caracterizadas por comportamentos, atitudes, fisicamente, temperamentos, dentre outras. Neste sentido, Antonio Candido (1976) assinala que os personagens obedecem uma lei própria seguindo uma lógica preestabelecida pelo autor, que os torna paradigmas e eficazes. Neste sentido, Silva (1992, p. 703) observa que no romance do século XVIII e de quase todo o século XIX, “(...) a personagem é em geral apresentada através de um retrato, elemento relevante, por isso mesmo, na estrutura de tal romance”. Este retrato, mais ou menos minuciosos, mais ou menos sobrecarregado de dados semânticos, pode dizer respeito à fisionomia, ao vestuário, ao temperamento, ao caráter, ao modo de vida, etc., da personagem em causa.
O terceiro elemento constitutivo do romance é o narrador que, segundo Brasil (1979), é aquele conta a história, cria o enredo, caracteriza os personagens, dá vida aos acontecimentos por meio de uma narrativa. Por esta razão, Brasil (1979) assinala que a importância relativa do enredo, dos personagens e o papel do narrador, determinam a forma do romance, da qual depende a maior ou menor importância do diálogo na narração.
Com o surgimento do Romance no Romantismo, este é visto como uma forma mais acessível de manifestação literária e era levada a termo porque o escritor deste movimento, segundo Brasil (1979), era livre para conceber novas formas de expressão dentro de um ímpeto revolucionário e patriótico, tendo, com isso, de ser uma reação à tradição clássica e assumindo a conotação de um movimento anticolonialista e antilusitano, ou seja, de rejeição à literatura produzida na época colonial, em virtude do apego dessa produção aos modelos culturais portugueses. Há que se considerar que, conforme Sodré (1976, p. 191): “O primado do romance, tornado gênero literário por excelência, proporciona a melhor ponte, o caminho natural para os espírito; generaliza o gosto da leitura, incorpora novas e amplas camadas ao interesse literário, permite celebridade, sucesso variado ao romancista, tornando-o um instrumento fácil e flexível, capaz de interpretar a sociedade a seu modo, apto a aceitar, defender e difundir o primado da classe que atinge a plenitude do seu poder ao mesmo tempo em que se geram os fatores que concorrerão para a sua ruína, porque ela oferece liberdade e proporciona uma disfarçada escravidão, que é imprescindível disfarçar sempre mais. O surto individualista, ampliando extraordinariamente o campo literário, acarreta os seus grandes problemas, entre os quais se destaca o da liberdade de expressão e o da honestidade interpretativa”. Além do mais, os escritores da época trazendo os traços essenciais do nacionalismo, que orientará o movimento e lhe abrirá um rico leque de possibilidades dentre das óticas indianistas, regionalistas, a pesquisa histórica, folclórica e lingüística, além da critica aos problemas nacionais, levam-no a se empenharem na definição de um perfil da cultura brasileira em vários aspectos, tais como a língua, a etnia, as tradições, o passado histórico, as diferenças regionais, a religião, dentre outras.
Nesta direção, Coutinho (1978, p. 130) chama atenção para o fato de que:”(...) o gênero ofereceu ao espírito romantico as melhores oportunidades de realização de seus ideais de liberdade e realismo – fosse na linha psicológica, histórica ou social – além de proporcionar-lhe melhor atmosfera para o sentimentalismo, o idealismo, o senso do pitoresco e do histórico, e a preocupação social.Com o Romantismos, inaugura-se o gosto da análise precisa e do realismo na pintura dos caracteres e dos costumes. Mas a simples realidade não prendia os romancistas românticos, que também buscavam a verdade através da construção de sínteses ideais e tipos genéricos, reunindo traços variados e de origens diversas na composição de uma personagem. O romance, destarte, fundiria realidade e fantasia, análise e invenção. (...) o gosto da história, dos motivos e personagens, é de tal maneira disseminado, que imprime ao gênero uma de suas formas principais na época: o romance histórico”.
No caso do Brasil especificamente, Coutinho (1978, p. 173) atenta para o fato de que: “(...) realizaram os românticos a criação dos generos literários com feitio brasileiro. (...) a ficção brasileira foi criada no Romantismo. Mesmo com predomínio do descritivo e da pintura sobre o narrativo; mesmo a despeito da voga da historia romanesca, sentimental e idealizada, as condições peculiares do meio brasileiro favoreceram a formação do gênero, na temática e na estrutura, mediante sobretudo as expreriencias altamente conscientes de Alencar (...) A Alencar, entretanto, deve-se a compreensão de que o romance era o gênero mais adequado à expressão brasileira do que a epopéia”.
Dentro desta ótica e com base Dimas (1987), Dourado (2000), Proença Filho (1990) e Brasil (1979), encontra-se que a ficção romântica teve desdobramentos pautados no passado, na cidade e no regionalismo. O passado, por meio do romance histórico que buscava na história e nas lendas heróicas a afirmação da nacionalidade; na cidade, através do romance urbano e de costumes, retratando a vida da Corte, no Rio de Janeiro do século XIX, fotografando, com alguma fidelidade, costumes, cenas, ambientes e tipos humanos da burguesia carioca; e o regionalismo, voltado para o campo, para a província e para o sertão, num esforço nacionalista de reconhecer e exaltar a terra e o homem brasileiro, acentuado as particularidades de seus costumes e ambientes. Além do mais, conforme menciona Coutinho (1978, p. 147) que no movimento romântico, não somente a remotidão no tempo, mas também no espaço: “(...) com gosto das florestas, das longes terras, selvagens, orientais, ricas de pitoresco, ou simplesmente de diferentes fisionomias e costumes”, sendo, pois, o pitoresco e a cor local um meio de expressão lírica e sentimental e de excitação de sensações.
Observando tais tendências, é importante chamar atenção para o romance urbano, aquele que desenvolve tema ligado à vida social, principalmente do Rio de Janeiro, apresentando uma variedade dos tipos humanos, retratando os problemas sociais e morais decorrentes do desenvolvimento da cidade, tudo isso fazendo cenário e servindo de fonte para os romancistas brasileiros, dentre eles, José de Alencar como o seu romance Senhora. Nesta observação, apreende-se que as características do romance romântico estão, dentre outras, na estrutura linear com personagens estereotipadas e previsíveis; predomínio do tempo cronológico; partes bem definidas: prólogo, trama e epílogo; mensagem redundante; grande valorização do enredo; detalhes de costumes e de cor local; comunhão entre a natureza e os sentimentos das personagens; divisão das personagens em bons e maus; e final feliz para as complicações sentimentais, ou a fuga, a morte, celibato, dentre outras. Além do mais, outro fato merece destaque e foi exaltado por Moisés (1994, p. 11-12) ao mencionar que: “(...) a primeira mais relevante conseqüência desse intercâmbio ser a profissionalização do escritor: refugado do mecenalismo dos potentados como atentatório à liberdade criadora, o escritor, emergido da Burguesia, produz um objeto a ser consumido pela classe média e do qual aufere proventos para sua subsistência. (...) o escritor funcionava, desse modo, como a consciência da classe de que provinha e como ideólogo que lhe propunha um figurino moral, estético, etc. (...) A ficção servia, portanto, de espelho de um estado de coisas e, simultaneamente, decálogo da sociedade: esta se revela, não exatamente como era, mas como pretendia ser ou aprendia a ser, graças à imagem fornecida pelo escritor”.
Neste sentido, o Romance, neste movimento, difundia as tendências literárias do séc. XIX, sofrendo alterações importantes em suas características básicas.

JOSÉ DE ALENCAR – O escritor, advogado, jornalista, professor, crítico, teatrólogo e poeta José Martiniano de Alencar nasceu no dia 1.º de maio de 1829, em Mecejana, no Ceará. Filho de um senador do Império foi ainda menino para o Rio de Janeiro com a família, viagem esta que deixou profundas marcas e influenciou muito nas suas obras. Entrou para a faculdade de Direito, em São Paulo, no ano de 1844 e formou-se em 1850. Em 1854 começa a escrever no jornal Correio Mercantil. E em 1856 sob o pseudônimo de IG, escreve as "Cartas sobre a Confederação dos Tamoios". Depois, já se assinando José de Alencar, publicou: "O Guarani", "Iracema", "Ubirajara", "As Minas de Prata", "O Garatuja", "O Ermitão da Glória", "Lucíola", "A Pata da Gazela", "O Gaúcho", "O Tronco do Ipê", "O Sertanejo", “Senhora” e muitos outros livros. Melhor dizendo: sua obra é diversificada e pode ser dividida em ciclos de romances, tais como: romances urbanos ou de costumes, romances históricos, regionalistas, rurais e indianistas. Com a variedade de obras e paisagens descritas, ele perseguia o mesmo objetivo: chegar a um perfil do homem essencialmente brasileiro. Teve participação na vida política a partir de 1859 quando entrou no Partido Conservador; por onde foi deputado por várias legislaturas e ministro da Justiça de Pedro II. Foi eleito deputado e, depois, nomeado ministro da Justiça. Morreu tuberculoso em 1877 no Rio de Janeiro.
Alencar é considerado como o fundador do romance brasileiro, sendo o primeiro a dar ao país um verdadeiro estilo literário, um ficcionista que trilhou todos os caminhos da prosa romântica, caindo no gosto popular.
Em resumo, conforme Moisés (1994, p. 88): “José de Alencar nasceu em Mecejana, na província do Ceará, em 1829. Veio para a Corte em 1839, tendo feito a viagem do Ceará à Bahia pelo sertão. Estudou no Rio e em São Paulo e fez o curso de Direito em São Paulo e em Olinda. Formado em 1952, destinou-se à advocacia, na Corte. Colaborou no Correio Mercantil, substituindo em 184, Francisco Otaviano. Escreve para o Diário do Rio de Janeiro. Escreveu para o teatro. Foi Ministro da Justiça, em 1868, no gabinete Itaboraí, demite-se no inicio de 1870. Faleceu no Rio de Janeiro, em 1887”. E, ainda assinala que: “(..) No decurso duma breve mas intensa jornada literária (de 1857 a 1877), praticou a crônica, o teatro, a crítica literária, a biografia, a poesia, o romance, etc., aglutinados em torno de dois núcleos fundamentais: o primeiro formado pelas manifestações propriamente literárias (o teatro, a critica literária, a crônica, a poesia e o romance); o segundo, pelas demais obras à fração perempta do espolio alencariano (...) Poucos escritores há na Literatura Brasileira que tenham suscitado juízos tão contraditórios como José de Alencar. (...) Na verdade, porém, Alencar está para a prosa romântica assim como Gonçalves Dias para a poesia: é o nosso mais importante ficcionista do Romantismo, pelo volume da obra produzida, pela variedade dos temas versados e o estilo grandiloquentemente brasileiro e espontaneo. Marco em nossa tradição literária, tornou-se o primeiro escritor a devotar-se integralmente à sua obra: romancista por vocação, não apenas por reflexo do meio ambiente”. (MOISES, 1994, p. 90).
Vê-se, portanto, que a obra alencariana está repleta de um nacionalismo vibrante, toda ela escrita numa tentativa de nacionalismo puro, numa temática nova, muito brasileira. Por outro lado, em suas obras transparecem nitidamente suas posições políticas e sociais: grande proprietário rural, politicamente conservador, monarquista, escravocrata, nacionalista convicto. O seu romance urbano, por exemplo, era construído dentro de uma ótica que fervilhava no cenário da época quando havia a imitação de costumes europeus que se misturava com a mediocridade da vida local, retratando esta duplicidade por meio de relatos urbanos contraditórios que representavam a sociedade que procura refletir, oscilando entre a estrutura do folhetim e a percepção da realidade brasileira. Por ser o fundador do romance brasileiro, Sodré (1976, p. 282) assinala que:”(...) Fundador do romance nacional, José de Alencar pretendeu compor um quadro do pais que abarcasse toda a sua variedade. (...) a obra de José de Alencar não só está incorporada ao patrimônio literário brasileiro, com um lugar de indiscutivel destaque, mas persiste na curiosidade popular, onde encontra ressonancia, o que não deixa de ser um expressivo traço de sua força”. Isso reiterado por Litrento (1978, p. 121) que enfatiza: “(...) Apresentado por criticos literários de valor, como o primeiro vulto da literatura nacional, José de Alencar, até hoje o maior cantor lírico da paisagem brasileira, não começou pelo romance, com o qual adquiriu grandeza, pelo jornalismo”. Sua trajetória, conforme visto, vai além da Literatura, envolvendo política, jornalismo, teatro, dentre outras atividades. E conforme palavras de Litrento (1978, p. 124): “(...) a contribuição de José de Alencar à literatura do Brasil é mais importante do que a atribuída por criticos apressados e desconhecedores das particularidades sintaticas e vocabulares da verdadeira língua falada no Brasil. Seu estilo desvenda uma forma libertária que enriquece a língua portuguesa, acrescentando-lhe uma aculturação tupi, desvendando-lhe caminhos novos, que embora não fugindo às peculiaridades de sua estrutura e sintaxe, proporcionou-lhe uma expressão brasileira, inconfundível, própria”.
Ao desenvolver o romance urbano ou de costumes, Alencar procura traçar seus "perfis femininos", a exemplo de Aurélia no romance Senhora, quando ocorre um casamento por interesse, um dos poucos móveis de ascensão econômica na sociedade brasileira da época. O que, para Sodré (1976, p. 332) (...) O próprio Alencar com seu lirismo hugoano, as suas abstrações de sonâmbulo, não foi insensível em vários dos seus romances à influencia dos costumes do seu tempo”. Vê-se, portanto, que este romance é considerado sua melhor realização da ficção urbana. Além do retrato da vida burguesa da Corte, também mostra um escritor preocupado com a psicologia dos personagens, principalmente os femininos, com a presença constante do dinheiro, provocando desequilíbrios que complicam a vida afetiva dos personagens e conduzindo basicamente a desfechos: a realização dos ideais românticos ou a desilusão, numa sociedade em que ter vale muito mais do que ser. Neste romance a heroína arrisca toda sua grande fortuna na compra de um marido. O que levou Amora (1976, p. 248) a observar que: “(...) Alencar foi um criador de perfis femininos onde o autor fez uma série de obras neste gênero tendo, como ponto alto, Senhora, publicado em 1875”.
Há que se considerar o comentário feito por Amora (1976, p. 250) acerca de seu momento urbano: “Medir o progresso que fez Alencar, de Cinco Minutos até Senhora, é relativamente fácil. Basta a leitura atenta dos dois romances, para compreender como o tempo e a experiência foram ensinando ao Romancista (em primeiro lugar), a fazer da análise dos sentimentos um processo cada vez mais metódico e penetrante, até o ponto de chegar aos rigores do que então (e desde Balzac) se chamava a fisiologia do coração, ciência que antecedeu a análise psicológica dos realistas (que a partir dos anos de 1880, principalmente com Machado de Assis, superariam o romance alencariano); em segundo lugar, a apresentar o caráter das personagens, cada vez com maior soma de elementos tipificadores (hábitos, gostos e atitudes de vária ordem e em várias circunstancias da vida intima, da vida domestica e social); em terceiro lugar, a aumentar sempre os elementos de interesse do drama vivido pelas personagens (tornando-o cada vez mais intenso), da narração de sua historia (cada vez mais exitante pela intriga) e das descrições dos tipos humanos e de suas ações (cada vez mais expressivas; em quarto lugar, a criar perfis humanos, particularmente femininos, e quadros da sociedade carioca, cada vez mais perfeitos, quanto à fidelidade aos modelos observados e à realidade analisada, e quanto ao poder impressivo; em quinto lugar, vinte anos de progressiva experiência num processo romântico, que começou com Cinco Minutos e culminou com Senhora, deram a Alencar o completo domínio da arte de escrever (o que à sua geração e a ele, particularmente, muito preocupou): vocabulário cada vez mais abundante e mais representativo do que se poderia chamar o portugues da alta sociedade brasileira do II Reinado; e, de outro, um estilo cada vez mais rico de matizes adequados aos diferentes níveis e tons de linguagem das personagens e do próprio Autor. Fácil, como se vê, definir o progresso de Alencar em dois decênios de romances de perfis femininos e quadros da sociedade”.
Tal fato levou Faraco e Moura (1985, p. 141) a esclarecer que: “O romance de Alencar é o mais representativo da florescente nacionalidade na época, visto que o escritor tinha consciência do papel que cabia ao romancista naquele momento histórico. Por isso, sua obra atinge amplos aspectos da realidade brasileira da época. Deve-se salientar ainda sua preocupação com a língua”. Para os autores, o estilo de Alencar possui uma perspectiva história, situado no seu tempo e na sua época, onde ele pinta o Brasil de sua época”. Isto quer dizer, portanto, que a descrição da paisagem local, para os autores mencionados, indica a tomada de consciência e a afirmação daquilo que é característico em cada país. O que para Sodré (1976, p. 290) está: “A fidelidade paisagística de Alencar tem sofrido fortes restrições, bem assim a sua capacidade artística para trazer à ficção a paisagem brasileira”. No entanto, Sodré (1976, p. 282) observa que: “(...) em Alencar há também paisagem, opulenta, pitoresca, colorida, que compõe com o tema indianista como a moldura em um quadro e que subsiste ao indianismo, pois está nos romances em que o autor pretende transfigurar o ambiente brasileiro. Os dois elementos, o índio e a paisagem, conjugam-se perfeitamente e somam os seus efeitos nos murais magnifico que o romance levanta. No primeiro, Alencar lança definitivamente uma escola, polariza as atenções e dá novos moldes ao romance brasileiro. Na segunda, estabelece as pontes para o sertanismo, que será a forma de que se revestirá, em seguida, e com mais longa duração, em que a literatura brasileira expressará os seus anseios de autonomia”.
O estilo alencariano é definido a partir das características que são expressas na sua obra, como a de aproveitamento de vocábulos, expressões e fraseados nacionais, retrata a fauna e botânica do país, usa linguagem literária de inúmeros brasileiríssimos, enfase a fantasia nos seus romances regionalistas, ao seu estilo épico e ao desejo de lançar fundamentos da literatura nacional, dentre outras.
AS OBRAS DE ALENCAR: ROMANCES O GUARANI, 4 vols., RJ Empresa Tipográfica Nacional do Diário, 1857. Publicado principalmente em folhetins, no Diário do Rio de Janeiro, sem o nome do autor. CINCO MINUTOS, RJ, Empresa Tipográfica Nacional do Diário, 1857. A VIUVINHA, RJ, Empresa Tipográfica Nacional do Diário, 1860. LUCÍOLA, RJ, Garnier, 1862. DIVA, RJ, Garnier , 1864. IRACEMA, RJ, Viana & Filho, 1865. GAÚCHO, 2 vols., RJ, Garnier, 1870. A PATA DA GAZELA, RJ, Garnier, 1870. TRONCO DO IPÊ, 2 vols., RJ, Garnier, 1871. GUERRA DOS MASCATES, 2 vols., RJ, Garnier, 1871-1873. SONHOS D’OURO, 2 vols., RJ, Garnier, 1872. TIL, 4 vols., RJ, 1872. ALFARRÁBIOS, (O GARATUJA, O ERMITÃO DA GLÓRIA, A ALMA DE LÁZARO), 2 vols., RJ, Garnier, 1873. UBIRAJARA, RJ, Garnier, 1874. SENHORA, 2 vols., RJ, Garnier, 1875. SERTANEJO, 2 vols., RJ, Garnier, 1875. ENCARNAÇÃO, RJ, 1893.
TEATRO: A NOITE DE SÃO JOÃO, RJ, Empresa Tipográfica Nacional do Diário, 1857. VERSO E REVERSO, RJ, Empresa Tipográfica Nacional do Diário, 1857. O DEMÔNIO FAMILIAR, RJ, Soares & Irmão, 1858. AS ASAS DE UM ANJO, RJ, Soares & Irmão, 1860. MÃE, RJ, Paula Brito, 1862. A EXPIAÇÃO, RJ, A. Cruz Coutinho, 1867. O JESUÍTA, RJ, Garnier, 1875. O CRÉDITO, Rev. Brasileira, RJ, 1893.
ENSAIOS LITERÁRIOS, CRÍTICOS E FILOSÓFICOS: "Questões de Estilo", ensaios literários, SP, 1847-1850. "Ao Correr da Pena", crônicas semanais no Correio mercantil, RJ, 1854, SP. Tip. Alemã, 1874. "Cartas sobre a Confederação dos Tamoios", RJ, Empresa Tipográfica Nacional do Diário, 1856. "Como e Porque Sou Romancista", RJ, Leuzinger, 1893.
ESCRITOS E DISCURSOS POLÍTICOS E JURÍDICO: "Ao Imperador" – CARTAS POLÍTICAS DE ERASMO, RJ, Garnier, 1865. "Ao Povo" – CARTAS POLÍTIAS DE ERASMO, RJ, Tip. de Pinheiros Cia. 1866.

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