quinta-feira, agosto 14, 2008

POETAS DO PARÁ



CLAUBER BRANDÃO DE SÁ

O AMOR

Descrevê-lo não posso, não consigo
Porque não acho palavras pra fazê-lo
Mas bem que o sinto, aqui comigo,
Mesmo assim, não consigo descrevê-lo.
É algo que queima, ardentemente,
Que enleva, arrebata e contagia,
Mas, também, faz chorar, maltrata a gente,
Dá tristeza e também dá alegria.
Ora conforta e ora consome,
Parece-me amorfo e sem nome,
De razão e lógica desprovido.
Defini-lo? Não, em nenhum momento,
Porque ele é puro sentimento,
E, como tal, é só pra ser vivido.

A UMA MULHER

De alma transparente, cristalina,
Na tua singularidade és, decerto,
Lírio vicejante no lodo, ou, ainda,
Auspicioso oásis no deserto.
Às vezes penso seres uma miragem,
Algo mui fugidio, irreal,
Incrédulo é que vejo tua imagem
Emergir ilesa do lamaçal.
E termino, então, por convercer-me
De que, num mundo de desilusões
Existes, contraditoriamente.
Eis, pois, como é difícil esquecer-te:
Povoas, assim, como em visões,
Todo o cogitar da minha mente.

TUA PRESENÇA

Na prisão do tempo e da distância
Grilhões de ferro, que romper não posso,
Eu me debato na angustia e na ânsia
De ver-te e viver o amor que é nosso.
Se fecho os olhos, tenho-te na mente,
Se os abro, parece-me que estás
Posta, em pé, tão linda, em minha frente,
Como te vi, meu bem, dias atrás.
O ar, que respiro, tem o teu perfume,
O sol reflete a luz de teu olhar.
Guardei comigo o doce costume
De ver-te em tudo e tudo, assim, amar.
Sinto tua presença bem marcante,
Como se andasses sempre junto a mim.
Eu penso em ti, a todo instante,
E só me satisfaz viver assim.
Balbucio teu nome, a cada momento
Dos meus dias. Eu aspiro por ti
E já não se chame sofrimento
Ou gozo este amor que sempre senti.
Como prisioneiro acorrentado,
Que busca, a todo custo, a liberdade,
Te procuro, meu amor, angustiado,
E continuo preso da saudade.
És para mim o meu melhor alento,
Refigio que procuro, quando triste.
Consquitar-te é meta que acalento,
Pois maior nem pra mim já não existe.

CLAUBER BRANDÃO DE SÁ – Nascido no Maranhão e radicado em Belém, o poeta e professor Clauber Brandão de Sá, é licenciado em Letras e formado em Direito pela Universidade Federal do Pará. É autor do livro Versos & reverso, editado em 2004.

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