quarta-feira, maio 28, 2008

LITERATURA BRASILEIRA



ORIGENS DA LITERATURA BRASILEIRA – PERIODO COLONIAL/CLASSICISMO
Este período, conforme Assis Brasil, compreende o período de formação da literatura brasileira englobando os primeiros escritores que portugueses ou brasileiros, escrevendo no Brasil, já com um sentimento nativista, criando uma literatura informativa sobre a terra. Este é o período, conforme Afrânio Coutinho, do quinhentismo portugues que se constitui da combinação de elementos midievais, clássicos e nacionais.
Desta forma, no período correspondente à Pindorama, não há registro literário no Brasil. Com o achamento e invasão portuguesa ocorrida em 1500, dá-se inicio a busca por registros literários no séc. XVI, compreendendo o período colonial que se desenvolve até o séc. XVIII, impondo-se uma visão paralela das manifestações literárias brasileiras com a evolução da literatura portuguesa.
Para Pinto Ferreira a literatura clássica no Brasil se prende intensamente a estrutura da sociedade colonial, existindo naturalmente uma correspondência entre a sua forma literária de expressão, o pensamento clássico, e o ambiente histórico-cultural que se desenvolvia no país, com sua estrutura agrária e semi-feudal.
Dentro dessa compreensão, admite-se o estudo e a valorização do que se escreveu sobre o Brasil e no Brasil desde o séc. XVI, da mesma forma que impõe o estudo e o reconhecimento de condições indispensáveis à atividade literária, simultaneamente com a formação de centros que a comportavam. A partir desses elementos de pesquisa e investigação, chega-se ao estudo das constantes e freqüentes temáticas e atitudes, expressas e cultivadas por escritores que ou estiveram no Brasil, ou passaram a admiti-lo como pátria imposta ou de eleição, ou nasceram brasileiros: trazem por um lado a formação de origem, por outro vão buscá-la em Portugal, quando não a obtém na colônia. Nesse último caso, é preciso lembrar o importante papel desempenhado pela Companhia de Jesus e de outras ordens religiosas, mesmo que seja precariamente a iniciativa leiga no desenvolvimento do ensino das humanidades e na própria formação religiosa da maioria dos escritores do período colonial, notadamente os cronistas. Nesta época são centros de atividade literária e cultural do Brasil-colonia, Salvador, Recife e Olinda, Rio de Janeiro e São Paulo.
A partir do séc. XVI precisamente com a Carta de Pero Vaz Caminha, de 1500, é que se encontra a semente das manifestações literárias no Brasil. Além desse registro, estão os cronistas portugueses Pero de Mangalhães Gandavo, Pero Lopes de Souza, Gabriel Soares de Souza, dos jesuítas José de Anchieta, Manuel da Nóbrega, Fernam Cardim, dos viajantes e aventureiros estrangeiros como Hans Staden, André Thevert, Jean de Lery, Anthony Kniver, com um tipo de literatura de registro e viagens, feita de informações, aventuras e imaginação.
A Carta à História da Província de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos Brasil, de 1576, o Diário de navegação de 1530-1532, até a obra de mais ampla informação que se escreveu sobre o Brasil do séc. XVI, Noticia do Brasil ou Tratado Descritivo do Brasil, em 1587, acumulam-se as reações, intenções e interesses que explicam e estimulam a obra de colonização do portugues.
No caso dos jesuítas, resulta de registros relativos aos contatos com o índio através da obra de catequese, visando a informação e a orientação desse programa que resultava ao mesmo tempo no conhecimento que se formou no séc. XVI do autóctone ameríndio, atestado por cartas, relatórios, sermões, até estudos lingüísticos e definidamente de interesse literário, como do teatro de catequese e poesia de José de Anchieta.
No caso dos aventureiros e viajantes predomina a aventura, a imaginação e a informação pelo amor do exótico que então se generaliza na Europa. Isso com muito sabor de criação sobre a informação empírica, de qualquer forma, toda essa literatura é o ponto de partida e fundamento do que se segue, além de ser hoje fonte preciosa para estudos vários.
Este é o período compreendido pelo Classicismo, movimento literário da Renascença, que tinha por modelo a cultura greco-latina,situado exatamente no séc. XVI. Um nome de destaque é o de Luis Vaz de Camões, autor de Os Lusíadas, que é considerado em língua portuguesa, um modelo de autor clássico. Rigor no tratamento literário, informação erudita, arte com finalidade moral, citação da mitologia grega e romana. No Brasil, conforme Assis Brasil, não houve propriamente um Classicismo, isso porque só em Portugal com Camões, adotando o estilo de narrativa épica, acentuado espírito nacionalista, feitos que se tornariam a história de um povo.
Para Alceu Amoroso Lima, Camões exerceria uma forte influencia nos primórdios da nossa literatura, marcando uma linha de força da nossa evolução literária exercida pela obra “Prosopopéia”, de Beto Teixeira (1550-1600), praticamente um rascunho da obra camoniana. Pressupõe-se que este autor nasceu em Portugal, chegando jovem ao Brasil, sendo depois professor em Pernambuco, assassinar a mulher, ser condenado e manter-se enrascado com a Inquisição. A sua “Prosopopéia” foi publicada em 1601, um ano após a sua morte e, segundo Assis Brasil, a importância da obra e do autor é apenas histórica, pois é considerado como o inaugurador da literatura brasileira, ao lado de José de Anchieta. A “Prosopopéia” é tida como um poema falho, deficiente e por demais descritivo, exaltando as qualidades administrativas de Jorge de Albuquerque Coelho, segundo donatário da capitania pernambucana, imitando o modelo camoniano, com heróis, aventuras e batalhas, tendo 94 estrofes em oitava rima, e é considerado por Antonio Candido como iniciador de uma tradição brasileira de nativismo grandiloquente.
Ronald de Carvalho apresenta Bento Teixeira a partir da informação recolhida da Biblioteca Lusitana, de Diogo Barbosa Machado: “Bento Teixeira Pinto, natural de Pernambuco, igualmente perito na poética que na historia, de que são argumentos as seguintes obras: Prosopopéia dirigida a Jorge de Albuquerque Coelho, capitão e governador de Pernambuco, nova Lusitânia – Lisboa, por Antonio Álvares, 1601. são oitavas juntamente com a Relação do naufrágio que fez o mesmo Jorge Coelho, vindo de Pernambuco a nau Santo Antonio, em o ano de 1565. saiu duas vezes impressa na Historia Trágico-Maritima, tomo 2º, desde a pagina 1 até 59. Diálogos das Grandezas do Brasil em que são interlocutores Brandonio e Alvino. Ms. Consta de 106 folhas. Trata de muitas curiosidades pertencentes à Corografia e Historia Natural daquelas capitanias. Conserva-se na livraria do Conde de Vimieiro. Desta obra e do autor faz memória o moderno adicionador da Bibl. Georg., de Antonio leão. Tomo 3, tit único, col 1164”.
Para Nelson Werneck Sodré a sociedade brasileira da primeira etapa histórica da fase colônia tinha linha muito simples, havendo na cúpula os proprietários de terra e de escravos, aqueles que, com o passar dos tempos formariam a aristocracia rural ou patriciado rural, ou, ainda, nobreza rural. Embaixo era encontrada cada vez mais numerosas massas de escravos sem qualquer direito, tratados como coisas pela própria legislação. Tal estrutura, para o autor, responde com perfeição ás necessidades do desenvolvimento do capital mercantil.
Para Otto Maria Carpeaux a expressão literatura colonial define determinada fase da historia literária brasileira, conforme critérios da história política do país. Politicamente, essa fase é homogênea, mantendo-se durante o respectivo tempo o status coloniae. Literariamente, porém, não se verifica essa homogeneidade.

FONTE:
BANDEIRA, Manuel. Noções de história das literaturas. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1940.
BRASIL, Assis. Dicionário pratico de literatura brasileira. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1979.
______. Vocabulário técnico de literatura. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1979.
CARPEAUX, Otto. Pequena bibliografia critica da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1979.
CARVALHO, Ronald. Pequena história da literatura brasileira. Rio de Janeiro: F. Briguet, 1955.
COUTINHO, Afrânio. Introdução à literatura brasileira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
FERREIRA, Pinto. Historia da literatura brasileira. Caruaru: Fadica, 1981.
LIMA, Alceu Amoroso. Introdução à literatura brasileira. Rio de Janeiro:Agir, 1956.
LITRENTO, Oliveiros. Apresentação da literatura brasileira. RJ/Brasilia: Forense/Universitária/INL, 1978.
MARTINS, Wilson. A literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1967.
ROMERO, Silvio. História da literatura brasileira. Brasília: INL, 1989.
SODRÉ, Nelson Werneck. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1976.

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